Opinião
O silêncio é de ouro? Nem sempre
António José Seguro afirmou que “um primeiro-ministro que aconselha jovens e professores a emigrar é um chefe de Governo que não acredita no seu país e que está de braços caídos”.
Corria o ano de 2011 e o então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmava: “Sabemos que há muitos professores em Portugal que não têm nesta altura ocupação e o próprio sistema privado não consegue ter oferta para todos. Nos próximos anos haverá muita gente em Portugal que ou consegue nessa área fazer formação e estar disponível para outras áreas ou querendo-se manter, sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa". Na altura, as reações não se fizeram esperar. O primeiro-ministro estava a convidar portugueses a emigrar, concluíram alguns.
António José Seguro afirmou que “um primeiro-ministro que aconselha jovens e professores a emigrar é um chefe de Governo que não acredita no seu país e que está de braços caídos”. À época, o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, considerava inaceitáveis estas declarações. Também do PCP, o deputado Jorge Machado dizia: “eis a milagrosa e vergonhosa solução do Governo para os problemas do país”. E o Bloco de Esquerda? Achava que “um primeiro-ministro que aconselha os cidadãos do seu país a emigrar reconhece, de forma bastante explícita, que não faz ideia de como governar o país”. E por que razão fiz esta resenha histórica?
Ora, porque neste fim de semana fomos surpreendidos com as seguintes declarações do atual chefe de Governo, António Costa: “é também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui, mas é também um grande desafio para a nossa tecnologia e para a capacidade de fomentar o ensino à distância".
*Deputada do PSD
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia
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