Opinião
O plano quinquenal chinês e o Clube Valdai
Da análise do plano quinquenal para a China em 2021-2025 fica claro que o objetivo central é a “autossuficiência económica” da nação chinesa como base para o crescente poderio geopolítico, geoeconómico e tecnológico.
Ainda na ressaca das eleições norte americanas e com a nova vaga da pandemia de Covid-19, a comunicação social não deu nenhuma atenção à reunião plenária do Comité Central do Partido Comunista da China, que apresentou e discutiu o plano quinquenal 2021-2025.
Plano esse que terá importantes repercussões na evolução da economia mundial.
Da análise do plano quinquenal para a China em 2021-2025 fica claro que o objetivo central é a “autossuficiência económica” da nação chinesa como base para o crescente poderio geopolítico, geoeconómico e tecnológico.
Com a aplicação deste plano, o governo chinês pretende tornar o país pouco ou nada dependente de qualquer produto não nacional antes do final da segunda década do século XXI.
Define ainda o ano de 2035, ano do centenário da revolução, como o limite para a China se equiparar ou mesmo ultrapassar os Estados Unidos da América em termos de poderio económico e militar.
Ao contrário do modelo de desenvolvimento económico adotado anteriormente, baseado na produção e exportação de produtos de baixo valor acrescentado, o governo chinês pretende atingir estes objetivos através de dois eixos centrais – a inteligência artificial e a robótica.
É esperado que as inovações na inteligência artificial e robótica sejam os motores do crescimento económico em conjunto com o aprofundamento da “Nova Rota da Seda” e com o fortalecimento da cooperação estratégica com a Rússia, país com os recursos energéticos fundamentais para a China.
Ao contrário da Europa, que continua muito dependente, militar e economicamente, dos Estados Unidos, a China e a Rússia fortaleceram a sua parceria estratégica e seguem os seus próprios caminhos, não esperando a boa vontade do inquilino da casa branca.
De destacar também a ausência de notícias sobre as intervenções do presidente da Rússia Vladimir Putin nos recentes debates do mais importante Think Tank russo – o Clube Valdai.
Para o presidente russo, "o Estado é uma instituição necessária, não há como [...] prescindir do apoio do Estado… não há regras económicas imutáveis.
Hoje, nenhum modelo é puro e rígido, nem a economia de mercado nem a economia de planeamento centralizado, temos apenas de determinar o nível de envolvimento do Estado na economia.
Será por este pragmatismo do autocrata Putin que a Rússia esteja a caminho de superar a Alemanha como a quinta economia do mundo?
Serão os exemplos de independência económica e militar da China e da Rússia um sinal para a Europa seguir o seu caminho de maior integração ou um sinal do crescimento dos movimentos nacionalistas que levarão à desintegração europeia e da própria américa?
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990