Opinião

A Bielorrússia: um país estratégico

13 ago 2020 11:48

Este país pode servir de “tampão” para as aspirações expansionistas do presidente russo Vladimir Putin e é fundamental para a Europa Ocidental no ponto de vista da sua própria defesa.

A Bielorrússia, antiga república da União Soviética, com cerca de 9,5 milhões de habitantes, está a ferro e fogo devido aos resultados das eleições presidenciais.

Após a divulgação do resultado da eleição presidencial no país, a população de Minsk e de outras cidades da Bielorrússia iniciou uma série de protestos que se transformaram em confrontos com a tropa de choque e cerca de quatro mil pessoas já foram detidas.

Pelo menos 80 manifestantes e 50 agentes de segurança ficaram feridos durante os confrontos, havendo mesmo já vítimas mortais.

Os bielorrussos estão nas ruas desde o passado dia 9 de agosto após a divulgação dos resultados eleitorais que deram a Lukashenko 80,23% dos votos, enquanto sua principal adversária, a candidata da oposição Svetlana Tikhanovskaya, teve 9,9%.

O anúncio da esmagadora vitória do atual presidente Alexander Lukashenko, de 65 anos, para um sexto mandato presidencial consecutivo, foi o acender do rastilho num país em grandes dificuldades económicas e financeiras.

A principal rival de Lukashenko, Svetlana Tikhanovskaia não aceita os resultados e juntamente com um conjunto de entidades internacionais afirma mesmo que as eleições foram fraudulentas.

A situação política na Bielorrússia é muito importante tanto para a Europa no seu todo como para a Rússia.

Este país pode servir de “tampão” para as aspirações expansionistas do presidente russo Vladimir Putin e é fundamental para a Europa Ocidental no ponto de vista da sua própria defesa.

Com a Ucrânia em desintegração e à beira de uma guerra civil, apenas a Bielorrússia separa os países bálticos, membros da União Europeia, da esfera de influência russa.

A manutenção no poder de Alexander Lukashenko é do interesse da Rússia, no fundo é uma garantia de que quem irá continuar a dar as ordens em Minsk é o Kremlin.

Sem o petróleo russo, a preços abaixo do mercado, e os empréstimos a juros reduzidos concedidos para a Rússia a economia bielorrussa entrará em colapso.

É muito importante que a União Europeia dê uma resposta forte e coesa às fraudulentas eleições presidenciais bielorrussas.

As democracias europeias não podem deixar que se repita o cenário ucraniano, onde a falta de respostas europeia ajudou, em muito, à desintegração do país e ao crescimento de movimentos xenófobos e fascistas que se têm espalhado um pouco por toda a europa.

Parte dos problemas de segurança europeus são originários na Ucrânia.

Os bielorrussos precisam de todos os democratas europeus para construírem um país melhor e deixarem de ser dirigidos por um ditador de inspiração estalinista.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990