Opinião
Música | Perpétua – “Esperar para ver”
Em Aveiro, com raízes na Gafanha da Nazaré, há uma nova banda a dar que falar
Os Perpétua são Beatriz Capote, Diogo Rocha, Rúben Teixeira e Xavier Sousa e acabam de lançar o seu primeiro disco no mercado nacional – agora já dão que falar em todo o lado, com o single Condição, a passar nas rádios e a ficar logo no ouvido.
Eu, uma figura crescida nos anos 80, quando ouvi a canção pela primeira vez, por curtíssimos momentos, até pensei estar a ouvir uma versão elétrica de um genérico de uma Chuva na Areia ou algo do género.
Mas não é só na música portuguesa dos anos 80 que os Perpétua vão buscar inspiração.
Em Esperar Pra Ver há disco, pop, indie e até um rock mais rasgadinho no tema Falei de Cor, lá mais para o final do disco.
Aqui cantam-se letras em português, ora pela Beatriz ora pelo Diogo, que retratam a vida como ela é: simples para uns, difícil para outros. Nada de muito complexo. “Pra quê” complicar?
Olhando para o “novo” formato do Festival da Canção, onde têm sido apresentados muitos cantores e projetos, fortemente influenciados por sonoridades de outros tempos, não seria de espantar se víssemos estes Perpétua a concorrer e até ganhar.
Bons tempos estes em que falamos do Festival da Canção como um palco a considerar para uma banda em ascensão, que tanto pode tocar ali como em Paredes de Coura.
Admiro esta nova tendência, onde os músicos vão a todas. Há uns anos parecia haver na música portuguesa algum complexo, principalmente nas ditas correntes mais alternativas, em se juntarem géneros e intérpretes de universos diferentes.
Agora é ver o Conan Osíris com a Ana Moura ou a Lena D’ Água a brilhar entre a nova vaga da música nacional.
Esperar Pra Ver é um belo disco de canções que vem mesmo a calhar nestes dias mais solarengos, isto depois de termos atravessado, muito provavelmente, o inverno mais longo das nossas vidas.
É a Brisinha, tal como a música que fecha o álbum, que faltava a esta primavera.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990