Opinião

Mundo às avessas

20 abr 2024 16:25

Para surpresa de muitos, rebentou mais um conflito, entre Israel e o Irão

Nestes últimos anos temos vindo a ser surpreendidos por fortes perturbações à ordem mundial, que julgávamos já não ser possível no tempo actual. Longe vão os tempos da Guerra Fria, período de forte tensão política entre os Estados Unidos e a União Soviética, onde apesar desse clima de permanente provocação nunca se assistiu a combates em larga escala directamente entre as duas superpotências.

Julgo que depois desse tempo, e fora algumas questões pontuais, como foi a Guerra do Iraque, não se apresentava no cenário europeu e mundial a possibilidade de cenários de guerra forte e aberta às portas da Europa. Mas o mundo foi surpreendido, depois do assalto de 2014 à Crimeia, com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia a 24 de Fevereiro de 2022.

Muitos julgariam, a começar por Vladimir Putin, que seria uma miniguerra, isto é, seria resolvida num curto espaço de tempo, com a rendição da Ucrânia e a sua submissão à Rússia. No entanto, fomos surpreendidos com a coragem e bravura do povo ucraniano, sob liderança de Volodymyr Zelensky, que não permitiu que esse cenário se concretizasse e passados mais de dois anos, com a ajuda internacional, a guerra não dá mostras de ter fim. Tornou-se numa guerra de paciência, tentando esgotar as forças e recursos da Ucrânia, esperando que não faltem as ajudas, pois seria um perigo enorme e constante deixar Putin avançar sobre a Europa.

De seguida, fomos confrontados com o eclodir do conflito israelo-palestino, com o ataque inesperado a um festival nas proximidades de Gaza, no passado dia 07 de Outubro, provocando mais de 260 mortos, muitos feridos e sequestro de várias pessoas no território israelita.

Têm sido permanentes os ataques e contra-ataques, sendo mais um forte foco de tensão, a partir do continente asiático. Na última semana, para surpresa de muitos, rebentou mais um conflito, entre Israel e o Irão, que apesar do ambiente vivido há largos anos, nunca tinha chegado tão longe.

É de extrema preocupação esta situação no Médio Oriente, mantendo-se ainda no ar as dúvidas de qual a forma de que Israel vai ripostar ao ataque iraniano, depois destes se justificarem com o bombardeamento de que foi alvo o consulado iraniano em Damasco.

Este estado de coisas, para lá da incerteza de qual a sua resolução e quais as suas consequências directas, está a gerar um clima de forte instabilidade, que terá, com toda a certeza, um impacto nos preços e criará dificuldades a uma recuperação económica, por qual tantos anseiam, permitindo níveis de crescimento interessantes para a maioria dos países europeus, a começar pela Alemanha, um dos grandes motores da Europa.

É pois um tempo de sobressalto constante que vivemos, sem sabermos como e quando poderemos voltar à tal normalidade de que vos falava no início deste artigo.