Opinião
Memória, a função mais complexa do organismo humano
A memória é também aquilo que nos define como pessoas
A memória humana acontece em várias partes do cérebro ao mesmo tempo, alguns tipos de memórias perduram mais do que outras.
Um exercício interessante que podemos fazer é recuar no tempo e descobrir qual a memória mais antiga que o nosso cérebro decidiu reter, depois é ir avançando e relembrar mais momentos que nos marcaram até aos dias de hoje.
Nós temos a capacidade de reter diferentes tipos de memórias.
As memórias a curto prazo duram segundos ou até algumas horas e as memórias a longo prazo que podem durar anos ou até mesmo ficarem registadas para sempre.
Também existe a denominada memória do trabalho que nos permite guardar algo nas nossas mentes, durante um tempo limitado, através das ações repetidas.
Quando memorizamos um número de telefone estamos a utilizar a nossa memória do trabalho.
Claro que o estudo da memória é algo de extraordinariamente complexo e ainda hoje os cientistas atribuem longas horas de investigação para dissecar toda a informação que o nosso cérebro retém.
A memória é também aquilo que nos define como pessoas.
As experiências que vamos vivendo e que de uma forma consciente ou inconsciente registamos no nosso cérebro acabam por nos ajudar a traçar o percurso que vamos fazendo.
Molhar os pés, num pequeno tanque que existia no Jardim-Escola João de Deus de Coimbra, nos dias de mais calor, com apenas três anos de idade, é algo que a minha memória de longo prazo decidiu guardar até aos dias de hoje
Talvez esta seja uma boa memória, mas o nosso cérebro nem sempre escolhe guardar as lembranças positivas e por isso, por vezes, os momentos que nos causaram mais desconforto também perduram nas nossas cabeças.
O meu primeiro dia na Escola Amarela e a ansiedade que sentia por não conhecer ninguém e estar a entrar num espaço que não me era comum.
A professor execrável do 3º ano e o medo que ela me provocava também são registos que não consigo apagar.
Momentos, que podem ser longos ou curtos, bons ou maus, mas que acabam por deixar uma recordação nas nossas vidas.
A notícia da morte de um familiar, uma discussão com um grande amigo, umas paixões não correspondidas e outras tantas que sim, o nascimento de uma filha, um abraço de alguém que se goste no dia que estávamos a precisar.
Algumas destas memórias são tão vivas e completas que conseguimos descrever com pormenor os locais onde elas aconteceram.
O dia, a hora, o cheiro, quem estava presente e o que vestíamos naquele momento são tarefas estranhamente fáceis de realizar. Memórias que o nosso cérebro escolheu guardar para sempre nas nossas vidas.
O dia do primeiro amor e do primeiro beijo, o momento em que alguém que gostamos nos tratou mal, um mergulho à noite no mar, a perda de um filho.
Memórias que nos dão prazer ao recordar e que nos oferecem a alegria e a saudade e outras o desprezo e a tristeza.
Não nos esqueçamos que a memória é a forma como o cérebro adquire e armazena informações, uma das funções mais complexas do organismo humano.