Opinião

Lutar pelo que é nosso

15 fev 2018 00:00

A possibilidade de lutar contra a doença sem se ser obrigado a fazer grandes viagens e a sair da zona de conforto, onde estão a família e os amigos, é, pois, uma optima notícia.

A notícia de que quase 90% dos casos de cancro já são passíveis de ser tratados em Leiria é, provavelmente, uma informação que surpreenderá muita gente, mas que será recebida com satisfação.

Não que a generalidade das pessoas goste muito de pensar no assunto, preferindo manter afastado das suas mentes algo que assusta, é gerador de medo e tem ainda a conotação de uma sentença muito pouco agradável.

No entanto, infelizmente, serão raras as famílias que em determinado momento não se viram já confrontadas com esse problema, conhecendo bem o drama dos tratamentos agressivos, da incerteza dos seus resultados e do desespero de quem sofre da doença.

Independentemente das consequências, são sempre períodos de grande fragilidade emocional e de elevada tensão, agravadas pelas alterações que obrigam na logística do dia-a-dia, principalmente quando se reside longe do local de tratamento/internamento.

A possibilidade de lutar contra a doença sem se ser obrigado a fazer grandes viagens e a sair da zona de conforto, onde estão a família e os amigos, é, pois, uma optima notícia, tanto mais que é sabido que as condições psicológicas são um factor muito importante nesta equação de luta pela sobrevivência.

Pena é que, apesar dos avanços ocorridos nas últimas décadas, haja ainda situações para as quais só há resposta nos principais hospitais do País, em alguns casos por manifesta má gestão dos recursos existentes, nomeadamente ao nível da distribuição de médicos, que se encavalitam em Lisboa, Porto e Coimbra e faltam na maioria dos hospitais e centros de saúde do resto do País.

Não havendo uma resposta satisfatória do Estado, parte da solução poderá passar pelo envolvimento das pessoas numa causa que a todos diz respeito, como é comum acontecer nos países anglo-saxónicos, onde as instituições ligadas à educação, à saúde, à cultura e à solidariedade são fortemente apoiadas pela comunidade onde estão inseridas, principalmente por empresas e ex-utentes.

Por cá não há muito essa tradição, mas sendo a região de Leiria conhecida pela sua iniciativa e capacidade empreendedora, geralmente sem grande apoio do poder central, não espantaria que o primeiro passo para a importação dessa prática anglo-saxónica fosse dado aqui.

Este mês há já uma boa oportunidade para isso, com a comunidade a poder mobilizar-se à volta da iniciativa RE.AGIR2018, que englobará um espectáculo a realizar dia 23 de Fevereiro no Teatro José Lúcio da Silva e um leilão de três obras de arte de artistas de Leiria, cujas verbas reverterão na integra para o Hospital de Dia da Oncologia do Centro Hospitalar de Leiria.

*Director