Opinião

Geração Z

15 out 2024 21:30

A Geração Z tem sido uma mais-valia devidamente reconhecida pelas suas competências tecnológicas

Um recente estudo da Intelligent.com (plataforma que ajuda jovens recém-licenciados a ingressar no mercado de trabalho), entrevistou cerca de mil líderes dos EUA e apurou que após contratações de jovens recém-licenciados, um em cada seis líderes registou problemas. Adicionalmente, um em cada sete admitiu não voltar a contratá-los no próximo ano.

Os jovens nascidos entre 1990 e 2010, denominados como a Geração Z, têm sido frequentemente despedidos poucos meses após iniciarem o seu primeiro emprego.

Um dos principais fatores para o despedimento precoce destes recém-licenciados está relacionado com a divergência entre as suas expectativas e a realidade do mercado de trabalho.

De acordo com um estudo da Deloitte a nova geração valoriza a flexibilidade, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e o propósito no trabalho. Muitos destes jovens procuram um ordenado que concilie os seus valores e o crescimento pessoal.

Porém, muitas empresas desenvolvem a sua atividade em modelos de negócios tradicionais (por política ou tipologia do trabalho), com uma estrutura organizacional mais rígida.

Se para os jovens estas empresas podem não permitir a inovação ou a flexibilidade, para os empregadores estes profissionais não possuem resiliência e não se adaptam à cultura organizacional, levando ao fim da relação contratual.

A Geração Z tem sido uma mais-valia devidamente reconhecida pelas suas competências tecnológicas. Mas, no sentido inverso, identificada como deficitária em termos de competências interpessoais.

O atual mercado de trabalho está mais exigente e ávido de resultados, ao mesmo tempo que as novas gerações desejam alcançar, rapidamente, funções e remunerações elevadas.

De acordo com um estudo da Gallup o confronto entre estas duas realidades, tem levado a Geração Z a procurar mudar de emprego com mais frequência do que as gerações anteriores. Este fenómeno, conhecido como “job-hopping”, reflete uma procura contínua por melhores oportunidades, mas também pode ser interpretado pelos empregadores como uma falta de lealdade ou compromisso a longo prazo.

Na realidade, parece que empresas e jovens vão numa “corrida de 100 metros”, quando na realidade o percurso profissional e o crescimento sustentado das empresas ocorrem mais numa “maratona”...

Esta é uma nova realidade social, empresarial e económica. Famílias, educação e empresas terão de reequacionar estratégias, interpretar dificuldades e potencialidades, protagonizando uma ação congregadora.

Mais preparação técnica e interpessoal dos jovens e mais inclusão das empresas serão, numa rápida análise, duas medidas fundamentais. Porém, também as escolas terão de repensar a formação humana das novas gerações. Estamos preparados para este desiderato?

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico do Novo Acordo Ortográfico de 1990