Opinião
Em busca do tempo perdido
Tinha 16 anos quando comecei a ler Em busca do tempo perdido e desisti ao fim das primeiras 40 páginas.
Marcel Proust procurava o seu “eu”, nas profundezas da “sua” memória, e eu aborreci-me rapidamente com essa obsessão, porque não tinha então maturidade suficiente para compreender o sentido da sua demanda.
O trauma foi tão grande que até hoje, dos sete volumes, só consegui ler - a muito custo - os dois primeiros. No mesmo ano em que tentei ler Proust, em 1975, a minha irmã trouxe para casa dois livros sobre ecologia. Um deles - Uns comem os figos…, da Seara Nova, com participação de Gonçalo Ribeiro Teles -, está à minha frente.
O outro, guardei-o tão bem que não consigo encontrá-lo… Esses dois livros já antecipavam há mais de 40 anos a maioria dos problemas com que nos debatemos e confrontamos. Excesso de população, escassez de recursos, subdesenvolvimento, poluição generalizada, aquecimento global, mudanças climáticas, fenómenos extremos, contaminação das águas e escassez de água potável, extinção de espécies, tudo já ali bem previsto, em 1975 (sobretudo nesse livro que não consigo encontrar).
A minha primeira visão sobre o frágil equilíbrio da natureza (de Gaia, como então aprendi…) ancorou-se nesses livros, nesse “Verão Quente” da Revolução. E talvez por ser um ano de revolução, sempre me exasperei (sem grandes resultados) contra quem foi negando o fenómeno das alterações climáticas. Refiro-me sobretudo à comunidade científica, que durante décadas desmentiu a tese das mudanças climáticas por acção do Homem.
Em A terra à procura do equilíbrio, Al Gore explica alguns pressupostos desse “desleixo” científico: os centros de investigaçã
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