Opinião

Eleições e economia regional 

25 out 2025 10:25

É fundamental que as economias europeias desenvolvam uma estratégia de reindustrialização e de desenvolvimento de ecossistemas de inovação

O povo votou, está votado. É uma decisão soberana. O PS continuará na governação de Leiria, mas foi (e é) o programa do PSD que apresentou as propostas económicas mais adequadas aos desafios da região para a próxima década, nomeadamente com a criação do Parque de Ciência e Tecnologia de Leiria, a promoção de redes intermunicipais de zonas industriais e criação de uma nova centralidade a sudoeste do concelho abrangendo o IPL e a futura estação da Linha de Alta Velocidade. A moderna gestão dos municípios deve ser feita em cooperação com a região, i.e., cooperar para competir. 

Recentemente, foi publicado o documento «The State of Regions and Cities, EU Annual Report 2025» referindo que num mundo em mudanças contínuas e de aumento da competitividade, em períodos de crise são as regiões e as cidades que primeiro são afectadas. Nesse sentido, torna-
-se imperativo reforçar a resiliência das regiões através de políticas de coesão, ecossistemas regionais de inovação e estratégias sectoriais de especialização.

Um dos principais desafios da UE27 são as disparidades regionais, na medida em que o crescimento económico entre as regiões é desigual. O desempenho económico é divergente dentro e entre as regiões devido a factores estruturais, tais como: a diversidade dos sectores económicos, o uso da energia, a inovação e a educação.  

Do ponto de vista dos negócios internacionais, segundo o modelo do Ciclo do Produto de Raymond Vernon, as dinâmicas de inovação que ocorrem em países mais desenvolvidos tornam os novos produtos exportáveis. No entanto, ao longo do tempo, e do seu amadurecimento nos mercados, os produtos tornam-se padronizados (standard) à escala internacional e a vantagem competitiva passa a ser pela via dos custos (preços mais baixos) e pela diferenciação. Dá-se, a partir daí, a deslocalização da produção para países menos desenvolvidos e com custos de produção mais baixos. 

O amadurecimento de vários sectores da economia, principalmente a indústria, tem feito com que a Europa esteja numa fase avançada de redução de emprego e de actividade industrial. Trata-se de uma tendência estrutural e transversal, onde a economia portuguesa também está inserida.

Portanto, é fundamental que as economias europeias desenvolvam uma estratégia de reindustrialização e de desenvolvimento de ecossistemas de inovação como é referenciado no estudo do Instituto Politécnico de Leiria – «Prospetiva 2035 – Três Cenários para o Futuro de Leiria e Oeste». Ou, por outras palavras, um ambiente de destruição criativa e de desenvolvimento económico sustentado de acordo com o Nobel da Economia deste ano, Philippe Aghion. 

A região de Leiria para ser alavancada e adoptar um novo modelo de desenvolvimento económico tem que ter, em primeira instância, uma capacidade mobilizadora de investimento público e de políticas públicas orientadas para a inovação, a transição energética e digitalização da economia. E não é isso que se vê no programa do PS. Mas o povo votou, está votado.