Opinião

CMEP2025 segue já a seguir

26 set 2025 16:24

Mais do que um projecto artístico, Lantana representa também uma tomada de posição num meio onde a presença feminina é ainda pouco visível

Depois do habitual hiato para a produção do festival Extramuralhas, a Fade In - Associação de Acção Cultural tem a também habitual retoma do Ciclo de Música Exploratória Portuguesa, onde, em 2025, já actuaram seis dos dez nomes que compõem o cartaz desta V edição. Assim, neste sábado, dia 27, a partir das 18 horas, na Igreja da Misericórdia (CDIL), apresenta-se ao vivo o duo Sonic Figures Project e o sexteto Lantana.

Sonic Figures Project é uma proposta artística do reputado compositor, investigador e autor, Hugo Vasco Reis (electrónica) que em palco conta com a participação do britânico Trevor McTait (viola d’arco), músico do Remix Ensemble, chefe de naipe da Orquestra Barroca Casa da Música, com passagens na Orquestra Sinfónica da BBC e na National Symphony Orchestra.

Baseado em gravações de campo recolhidas em diversos contextos sociopolíticos e culturais, o projecto explora o potencial expressivo de sons que normalmente escapam à percepção comum, combinando metáforas sonoras e questionando os limites da audição. Com obras apresentadas por toda a Europa e oito álbuns monográficos editados, Hugo Vasco Reis, que vive entre o Porto e Zurique, desenvolve um percurso internacional na composição acústica e electroacústica.

Depois, sobe ao palco Lantana, um sexteto feminino fundado em 2018 pela violoncelista Joana Guerra e pela violinista Maria do Mar. Com forte ligação artística entre as suas integrantes, o grupo celebra a liberdade criativa e a diversidade sonora. O seu nome simboliza a harmonia na diferença, reflectindo a essência do seu processo artístico: música criada inteiramente no momento, a partir do silêncio e da escuta mútua.

Mais do que um projecto artístico, Lantana representa também uma tomada de posição num meio onde a presença feminina é ainda pouco visível. O grupo defende maior representatividade nos circuitos musicais e afirma-se como símbolo de transformação e questionamento dentro da cena da música improvisada. De resto, todas as suas seis integrantes têm provas dadas no universo da música. Ora atentem: Maria do Mar (violino), Maria Radich (voz), Joana Guerra (violoncelo), Carla Santana (electrónica), Anna Piosik (trompete e voz) e Helena Espvall (violoncelo e electrónica). Imperdível!