Sociedade
Videovigilância travou crimes e identificou mais de 180 suspeitos
Em cinco anos, as 19 câmaras instaladas no centro histórico de Leiria têm sido fundamentais para prevenir a criminalidade. Em breve, os olhos da PSP vão chegar mais longe com os novos 42 equipamentos
Após uma noite de diversão numa discoteca da cidade, um militar do Exército, de 20 anos, seguia para casa quando foi violentamente agredido por um grupo, que o assaltou. Os suspeitos fugiram, mas a videovigilância funcionou em pleno.
Através das câmaras foi possível circunscrever a área onde os suspeitos se poderiam encontrar, resultando na sua intercepção. O crime ocorreu há cerca de um ano e os quatro arguidos foram condenados na semana passada a penas suspensas por três anos e meio, se cumprirem plano de reinserção social e indemnizarem a vítima em cinco mil euros. Este não é caso único na identificação e resolução de crimes na cidade de Leiria.
Instalados numa sala, com acesso restrito, dezenas de monitores transmitem aos agentes de serviço, 24 horas por dia, as imagens do que se passa na cidade.
As 19 câmaras instaladas desde o início de Maio de 2018 no centro histórico são os olhos da PSP em cada esquina. O sistema tem sido um aliado na descoberta dos autores de vários crimes.
O comandante distrital da PSP de Leiria, José Figueira, confirma que foi graças ao big brother que foi possível desenvolver algumas investigações.
Até meados do mês de Março, o sistema permitiu que fossem iniciados 408 processos formais de preservação de imagens de videovigilância no âmbito de inquéritos crime em investigação. Ao longo dos cinco anos, foram identificadas 182 pessoas.
A videovigilância permite “apoio à actividade operacional, uma resposta em tempo real a situações que estão a ocorrer ou na iminência de ocorrer”, destaca José Figueira.
Travar flagrante delito
Não sendo possível quantificar o número de situações em concreto, o superintendente sublinha que “diversas foram as ocorrências que permitiram a intercepção e detenção em flagrante delito de vários cidadãos em casos de agressões, furtos (nomeadamente estabelecimentos/ viaturas), roubos, entre outras”.
“A videovigilância constitui uma ferramenta crucial na prevenção criminal e nas investigações em curso. Não sendo humana nem operacionalmente possível à polícia ter capacidade de vigilância em todos os locais em permanência, a existência destas fontes de notícia, que complementam a acção policial, muito tem beneficiado o serviço de investigação mas também a segurança pública de todos os leirienses”, assegura José Figueira.
Constatando as vantagens deste sistema, o Município de Leiria tem a decorrer o processo para a instalação de mais 42 câmaras. “As novas câmaras terão melhor resolução e irão permitir a recolha de imagens a 360º (nos locais onde é possível) sem que o operador tenha que efectuar a rotação de forma manual. Terão também recolha de som ambiente”, especifica Luís Lopes, vereador do Município de Leiria.
A autarquia deverá proceder ao lançamento do concurso ainda este mês. Treze agentes trabalham 24 horas por dia na sala de videovigilância. Atendem e efectuam todas as chamadas, gerem as ocorrências do 112 e de todo o comando distrital de Leiria, accionando os respectivos meios necessários.
Câmaras no Polis
Luís Lopes reconhece que o sistema de videovigilância trouxe um “incremento da sensação de segurança”, que “tem sido manifestado por várias pessoas”.
Segundo o autarca, o big brother da polícia “tem permitido identificar os danos em espaço público, acidentais ou negligentes, recolha de informação histórica que permite melhorar/reajustar procedimentos das forças de segurança, mas também do próprio município relativamente a circulação rodoviária e pedonal, manutenção do espaço público e limpeza urbana”.
Com o alargamento do sistema de videovigilância para um total de 61 câmaras – 42 novas que se juntam às 19 já instaladas na zona histórica da cidade – a PSP passará a monitorizar também “o Polis, as principais artérias de entrada e saída da zona urbana da cidade, assim como nos locais onde se verifica maior fluxo de circulação de pessoas e veículos”, adianta José Figueira, ao informar que a proposta de localização surgiu da PSP em articulação com o município “com base nos registos diários da prática de ilícitos criminais e contra-ordenacionais, bem como de maior concentração de pessoas, numa aposta forte na prevenção”.
As novas câmaras vão ser instaladas entre a rotunda aérea dos Parceiros e o hospital de Leiria.