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Uma banda que não sabe fazer conversa fiada. A celebração de Victoria no Teatro de Ourém

26 abr 2023 15:52

O concerto insere-se no Ciclo Albardeira e conta com a participação da artista plástica Neuza Matias

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Paulo Lopes e Francisco Madureira, os operários de Victoria
DR

Não tem género definido, é uma personagem e também é uma banda, que actua amanhã no Teatro Municipal de Ourém.

Se fosse uma pessoa”, Victoria “seria daquelas que estão nas festas todas, mas que ninguém sabe como lá chegaram ou quem as convidou” – a descrição consta no YouTube do projecto, alimentado por Francisco Madureira e Paulo Lopes.

Victoria seria, então, daquelas pessoas “que não sabem fazer conversa fiada e até convivem bem com os silêncios”, que “quando falam, alguém ouve sempre”.

“Como não somos uma pessoa, limitamo-nos a cantar. Sem conversa fiada”, concluem.

Nesta quinta-feira, 27 de Abril, na Caixa de Palco do Teatro Municipal de Ourém, Victoria acontece em colaboração com a artista plástica Neuza Matias, num novo episódio do Ciclo Albardeira.

O concerto, com intervenção ao vivo de Neuza Matias, tem início às 21:30 horas.

A convite da associação cultural Albardeira, Victoria e Neuza Matias estiveram nos últimos dias em residência artística na antiga escola primária da vila medieval de Ourém.

Francisco Madureira (natural dos Açores) e Paulo Lopes (com raízes em Fátima) conheceram-se na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, do Politécnico de Leiria, um no curso de Teatro, o outro em Design – e em 2019 começaram a compor.

Victoria faz a música para que a victoria da vida surja sempre primeiro sempre antes da morte e antes de todas as coisas que dão ansiedade”, lê-se no Bandcamp em que a dupla já disponibilizou o primeiro EP, Em Ponto Morto, que data de 2022 e inclui os temas “Litter”, “Dá-me uma palhinha (como se 'tivesse internado)”, “Música da Inês”, “Relatório” e “Victoria de Rota”.

É uma meditação sobre a morte, sobre a vontade de viver, sobre a loucura que o amor propicia, sobre inícios que nunca acontecem”, escrevem os músicos na descrição do conjunto de cinco canções, que inclui “uma carta de amor escrita por alguém que perdeu a sanidade mental”, “um irónico protesto contra a sociedade de consumo imediato”, “uma espécie de luto/tributo transformado em música”, “uma música cantada em micaelense, também sobre o amor”, ou “o fim do amor”, e, ainda, “uma nota de esperança”, a fechar.

Nós baseamos toda a nossa música numa personagem que criámos”, explica Paulo Lopes ao JORNAL DE LEIRIA. “Há quem diga que é uma sopa da pedra musical”.

Em palco, com doses generosas de teatralidade, vestem-se com macacões de trabalho, como se fossem os operários de Victoria, com que já exploraram as possibilidades do vídeo e da animação, além de terem participado, nos Açores, numa outra residência, de criação de texturas sonoras para percursos pedestres.

A experimentação e a espontaneidade caracterizam o processo de trabalho da dupla, que já prepara o álbum de estreia.

“Victoria pode ser o que quiser, onde quiser”, comenta Paulo Lopes.

Ligados à editora Marca Pistola, Francisco Madureira e Paulo Lopes aproveitaram os confinamentos durante a pandemia para lançar 31 vídeos e temas no YouTube, o loopbook.

Victoria já passou pelo festival Tremor, nos Açores, pelo bar Titanic Sur Mer, em Lisboa, e pelo espaço cultural Cru, em Famalicão, entre outros, incluindo uma sessão para a Porta 253, de Braga.

Amanhã, 27 de Abril, a celebração dá-se no Teatro Municipal de Ourém, com bilhete a cinco euros.