Economia

Supercomputadores podem tornar a indústria portuguesa mais competitiva

14 jun 2021 14:33

Estudo realizado pelo Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos e Universidade de Coimbra

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Laboratório de Computação Avançada da UC foi usado pelo Centimfe para este estudo
Massimo Botturi@Unsplash
Redacção/Agência Lusa

A supercomputação pode permitir “ganhos substanciais de tempo de simulação”, potenciando a produtividade e a competitividade no desenvolvimento de novos produtos na indústria, concluiu um estudo do Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe), da Marinha Grande, e da Universidade de Coimbra (UC).

A investigação provou que “o uso da supercomputação leva a ganhos substanciais de tempo de simulação, potenciando ganhos de produtividade e de competitividade no desenvolvimento de novos produtos na indústria, em particular nas indústrias de moldes e plásticos”, refere a UC.

O estudo foi efectuado no âmbito do projecto Tooling4G, primeira iniciativa portuguesa com a chancela do organismo SHAPE da rede europeia de computação avançada PRACE (Partnership for Advanced Computing in Europe).

O caso de estudo focou-se numa simulação de dinâmica de fluidos computacional com interesse para a indústria de moldes e plásticos, nomeadamente no desenvolvimento de uma nova geração de sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC) para automóveis, muito mais silenciosos do que os atuais, garantindo um maior conforto acústico aos utilizadores, revela a UC, em nota.

As simulações realizadas no supercomputador Navigator Plus, do Laboratório de Computação Avançada da UC pelo Centimfe, demonstraram grandes ganhos de tempo.

A simulação em computação tradicional com quatro cores demoraria 74 dias, no Navigator Plus, usando 64 cores, o processo foi concluído em seis dias (144 horas), exemplifica a UC.

De acordo com Rui Tocha, director-geral do CENTIMFE, os resultados obtidos assumem particular “relevância para as indústrias dos moldes e plásticos, uma vez que foi claramente demonstrado que o recurso à computação de alto desempenho permite desenvolver e analisar novos conceitos durante as etapas iniciais de projecto, reduzindo ou evitando alterações posteriores que apresentam custos mais significativos”.

Considerando que as indústrias de pequena e média dimensão não “dispõem de recursos informáticos avançados para realizar este tipo de cálculos complexos, a utilização de HPC pode fornecer às PME ferramentas essenciais para resolver problemas complexos”, sublinha o responsável do Centimfe.

Para Pedro Vieira Alberto, director do Laboratório de Computação Avançada da UC, este projeto, além de ser um bom exemplo de parceria entre academia e indústria, “comprova que o uso da computação de alto desempenho traz grandes benefícios para a indústria nacional, tornando-a mais competitiva”.

Este estudo, sublinha, “evidencia que o HPC permite melhorar processos e aumentar a produtividade, bem como reduzir custos e aumentar a qualidade e a velocidade da produção”.

Por outro lado, a utilização da supercomputação nas PME nacionais “cria novas competências na área em Portugal, uma vez que, actualmente, para efectuar este tipo de cálculos sofisticados, a indústria tem de recorrer a empresas estrangeiras”, conclui.

A rede PRACE visa demonstrar as vantagens da utilização de recursos de Computação de Alto Desempenho (HPC, do inglês High-Performance Computing), vulgarmente designada supercomputação, para resolução de problemas industriais complexos, em particular das pequenas e médias empresas (PME).

A iniciativa SHAPE tem por missão dotar as PME europeias com a experiência necessária para beneficiarem das possibilidades de inovação criadas pela computação de alto desempenho.