Viver
Se bebes das três bicas, em Leiria ficas
Leiria para Totós é a informação que faltava, mas provavelmente nunca vais precisar. A cábula para quem julga que Rodrigues Lobo era o vilão da história dos Três Porquinhos.
Leiria para Totós é a informação que faltava, mas provavelmente nunca vais precisar. A cábula para quem julga que Rodrigues Lobo era o vilão da história dos Três Porquinhos. Nesta rubrica a Preguiça recorda o nome esquecido na placa, o edifício em ruínas, a estátua coberta com lingerie na semana académica. É possível que estes textos venham a ser úteis, se algum dia existir a edição Leiria do Trivial Pursuit. Fora isso, não estamos a ver.
A importância da água para o ser humano é tão evidente como o não fazer nada para o bicho preguiça. É inquestionável que viver sem água não dava jeito absolutamente nenhum. Sem vinho também não, mas isso é outro assunto. Como diz o reclame “água é vida”.
Muito antes da água canalizada, das redes de esgotos e saneamento, as fontes, lavadouros, chafariz, fontanários e seus familiares tinham uma importância extrema para as populações. Não é por acaso que as primeiras cidades se desenvolveram próximas de rios e Leiria não é excepção.
Já tinham pensado nisso? Na cidade do lis, e bem perto do rio, há uma fonte onde a água corre pelo menos desde 1721 e que escolhemos para este Leiria para Totós por ser, hoje, um lugar de passagem, mais do que de paragem, como foi noutras vidas. Acreditamos que grande parte das pessoas passa por ela com uma indiferença que não faz justiça à sua importância para a cidade e, por isso, fomos até lá.
A Fonte das 3 Bicas como é conhecida actualmente, ou Fonte Grande, Chafariz Grande e ainda Fonte das Carrancas, designações que foi tendo ao longo dos tempos, assumiu nos séculos XVIII, XIX e até meados do século XX um papel muito importante enquanto recurso à água para as mais diversas finalidades.
Dali era retirada água para tudo o que se possa imaginar. As mulheres enchiam grandes jerricãs para uso doméstico, os cavalos de carga de bens e pessoas bebiam dos dois grandes bebedouros laterais, lavava- -se roupa e refrescavam-se os muitos forasteiros e viajantes que tinham ali tinham paragem obrigatória, já que a fonte era (e ainda é) muito próxima daquilo a que hoje chamamos rodoviária.
Teve até ao século XIX um enquadramento urbano de excelência: em frente à antiga, e agora inexistente, Ponte dos Três Arcos, por onde passava a estrada de acesso à linha do Norte (em Vale dos Ovos) que ligava Lisboa ao Porto e por onde chegou Eça de Queirós.
Esta movida de outros tempos é difícil de imaginar agora, naquele lugar onde até existe um letreiro que diz “água imprópria para consumo”. Apesar disso, a fonte encontra-se em bom estado de conservação e é bonita o suficiente para perdermos alguns minutos a olhar para ela.
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo