Economia
Sacos 88 produz protótipo de câmara de entubação
O projecto surgiu no âmbito dos contactos que o Politécnico de Leiria mantém em várias redes colaborativas e foi desenvolvido através do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto
O repto foi lançado por médicos do Centro Hospitalar do Médio Tejo ao Politécnico de Leiria e já deu resultados. A Sacos 88, empresa de plásticos do concelho de Leiria, está a produzir protótipos de uma câmara de entubação para esta entidade, que já usou uma na anestesia de um doente infectado com Covid-19.
Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, explicou ao JORNAL DE LEIRIA que o projecto, que surgiu no âmbito dos contactos que a instituição mantém nas várias redes colaborativas que foram surgindo, foi desenvolvido através do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRsp).
A Sacos 88, que tem colaborado com o Politécnico em vários projectos, “mobilizou-se” logo para dar resposta. Produz todo o invólucro em plástico, com os cortes necessários e ajustados. Ao CDRsp coube o desenvolvimento e a impressão 3D de umas peças técnicas para colocar nas aberturas por onde os médicos introduzem as mãos para aceder aos doentes.
“A pandemia em curso exige a toda a sociedade uma enorme capacidade de adaptação, reclamando a entidades e empresas respostas rápidas e eficazes. Um dos desafios mais urgentes é a necessidade de equipamentos de protecção especialmente destinados aos profissionais de saúde, nomeadamente câmaras de entubação. Em resposta ao pedido de ajuda lançado pelos médicos do Centro Hospitalar do Médio Tejo, o Politécnico de Leiria criou um protótipo do dispositivo solicitado - testado com sucesso em ambiente clínico”, lê-se na página de facebook do Politécnico.
À TVI, Artur Mateus, director do CDRsp, da Marinha Grande, e investigador envolvido no projecto, disse que “a emergência faz com que os profissionais de saúde e o Centro Hospitalar do Médio Tejo quisessem já dezenas de equipamentos”.
Por isso, além dos seis protótipos já fabricados, a Sacos 88 tem mais 15 para produzir. Ao JORNAL DE LEIRIA, Amaro Reis, director da empresa, explicou que a produção deste equipamento foi fácil de implementar, porque a fábrica já dispunha de uma sala limpa, onde manuseava artigos para a indústria farmacêutica e médica.
“É um produto pensado para dar resposta às necessidades decorrentes da pandemia, mas que se espera que no futuro possa ser um produto comercial, usado em todas as entubações”, diz o gestor. Por isso, passada esta fase mais premente, serão equacionados aspectos relacionados com o design do produto. Amaro Reis diz que o recurso ao plástico, em vez do acrílico, se traduz em ganhos de flexibilidade, rapidez de produção e menores custos.
Aspectos referidos igualmente pelo Politécnico: “a vantagem deste equipamento é reduzir a probabilidade de contágio através da libertação de aerossóis em doentes portadores do vírus Covid-19. Além de ser flexível, o plástico implica uma produção mais rápida e barata do que o processo associado às tradicionais câmaras em acrílico”. O molde já foi construído e o próximo passo é escalar o fabrico e distribuição das câmaras de entubação de plástico.
À TVI, Sérgio Baptista, médico anestesista, disse que usou um protótipo na anestesia de um doente portador de Covid-19, no hospital de Abrantes. “Funcionou bem, deu-nos segurança. A vantagem deste equipamento é reduzir a probabilidade de libertação de aerossóis que contenham vírus”.
A Sacos 88, que mantém a sua laboração, produz também, entre outros artigos, sacos para resíduos hospitalares. Fabrica igualmente manga plástica e um dos seus clientes é uma empresa de Guimarães que com este material produz equipamentos de protecção individual como batas e toucas, entre outros.