Sociedade
Rotunda da Barosa avança e quase duplica o preço para 1,5 ME
O presidente da câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, afirmou que a construção desta rotunda só é possível "porque são os leirienses que a vão pagar"
Três anos após a celebração do acordo de gestão entre o Município de Leiria e a Infraestruturas de Portugal (IP) para construir a rotunda da Barosa, que na altura custaria 849 mil euros, foi ontem aprovada a abertura de procedimento e o projecto tem um preço renovado de 1,570 milhões de euros (ME).
A inflação fez quase duplicar o valor desta obra, mas a comparticipação da IP, que era de 600 mil euros em 2021, manteve-se e os cofres da autarquia leiriense vão ter de suportar o aumento dos preços e despender cerca de 900 mil euros para que este projecto saia do papel.
O presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, mostrou-se “desiludido” perante “uma das maiores injustiças” no investimento rodoviário. “Só é possível esta rotunda porque são os leirienses que a vão pagar”, comentou durante a reunião camarária, face à obra numa estrada, a EN242, que é da responsabilidade da IP.
“Vemos outras capitais de distrito a receber milhões de euros de investimento do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e investimentos em IP [Itinerários Principais] e variantes e nós temos de andar a pedinchar centenas de milhares de euros para fazer uma obra [numa estrada] que tem arrastado pessoas para a morte”, criticou o autarca, lembrando que o tráfego na via que liga os concelhos de Leiria e Marinha Grande já regista mais de 20 mil carros por dia e, em horas de ponta, cria “quilómetros de fila”.
Ao imputar a responsabilidade da obra à IP, Gonçalo Lopes referiu que, ao longo destes anos, a autarquia participou em reuniões, enviou pedidos, houve empresários a reclamar a obra e, mesmo assim, o financiamento da IP não foi actualizado. “Não fomos atendidos nem pelo anterior Governo, nem pelo actual”, denunciou.
Ricardo Santos, vereador da câmara de Leiria com o pelouro das Obras Municipais, adiantou que a morosidade do processo deveu-se também à “negociação com um conjunto de proprietários de terrenos para permitir o alargamento desta zona da EN 242” e uma das parcelas teve mesmo de ser expropriada, o que “custou ao município cerca de 300 mil euros”.
O projecto inclui o alargamento dos troços da EN 242 ligados à rotunda para duas faixas de rodagem e o melhoramento das vias municipais directamente interligadas à estrada.
Face ao valor da obra, a intervenção terá ainda de aguardar pelo visto do Tribunal de Contas. A autarquia espera que a obra possa arrancar no primeiro trimestre de 2025, com um prazo de execução de 540 dias, cerca de um ano e meio.
“Comprometemo-nos a fazer [a obra] porque é necessária, salva vidas. Vamos gastar muito mais dinheiro do que tínhamos inicialmente previsto, mas vamos fazê-lo porque achamos que não podemos deixar aquela estrada provocar mortes sucessivas”, reforçou Gonçalo Lopes.