Sociedade

Rotunda da Barosa avança e quase duplica o preço para 1,5 ME

2 out 2024 13:57

O presidente da câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, afirmou que a construção desta rotunda só é possível "porque são os leirienses que a vão pagar"

Devido ao valor da obra, a empreitada terá de aguardar pelo visto do Tribunal de Contas
Devido ao valor da obra, a empreitada terá de aguardar pelo visto do Tribunal de Contas
Ricardo Graça
Projecto divulgado pela Câmara Municipal de Leiria
Projecto divulgado pela Câmara Municipal de Leiria
CML
Inês Gonçalves Mendes

Três anos após a celebração do acordo de gestão entre o Município de Leiria e a Infraestruturas de Portugal (IP) para construir a rotunda da Barosa, que na altura custaria 849 mil euros, foi ontem aprovada a abertura de procedimento e o projecto tem um preço renovado de 1,570 milhões de euros (ME).

A inflação fez quase duplicar o valor desta obra, mas a comparticipação da IP, que era de 600 mil euros em 2021, manteve-se e os cofres da autarquia leiriense vão ter de suportar o aumento dos preços e despender cerca de 900 mil euros para que este projecto saia do papel.

O presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, mostrou-se “desiludido” perante “uma das maiores injustiças” no investimento rodoviário. “Só é possível esta rotunda porque são os leirienses que a vão pagar”, comentou durante a reunião camarária, face à obra numa estrada, a EN242, que é da responsabilidade da IP.

“Vemos outras capitais de distrito a receber milhões de euros de investimento do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e investimentos em IP [Itinerários Principais] e variantes e nós temos de andar a pedinchar centenas de milhares de euros para fazer uma obra [numa estrada] que tem arrastado pessoas para a morte”, criticou o autarca, lembrando que o tráfego na via que liga os concelhos de Leiria e Marinha Grande já regista mais de 20 mil carros por dia e, em horas de ponta, cria “quilómetros de fila”.

Ao imputar a responsabilidade da obra à IP, Gonçalo Lopes referiu que, ao longo destes anos, a autarquia participou em reuniões, enviou pedidos, houve empresários a reclamar a obra e, mesmo assim, o financiamento da IP não foi actualizado. “Não fomos atendidos nem pelo anterior Governo, nem pelo actual”, denunciou.

Ricardo Santos, vereador da câmara de Leiria com o pelouro das Obras Municipais, adiantou que a morosidade do processo deveu-se também à “negociação com um conjunto de proprietários de terrenos para permitir o alargamento desta zona da EN 242” e uma das parcelas teve mesmo de ser expropriada, o que “custou ao município cerca de 300 mil euros”.

O projecto inclui o alargamento dos troços da EN 242 ligados à rotunda para duas faixas de rodagem e o melhoramento das vias municipais directamente interligadas à estrada.

Face ao valor da obra, a intervenção terá ainda de aguardar pelo visto do Tribunal de Contas. A autarquia espera que a obra possa arrancar no primeiro trimestre de 2025, com um prazo de execução de 540 dias, cerca de um ano e meio.

“Comprometemo-nos a fazer [a obra] porque é necessária, salva vidas. Vamos gastar muito mais dinheiro do que tínhamos inicialmente previsto, mas vamos fazê-lo porque achamos que não podemos deixar aquela estrada provocar mortes sucessivas”, reforçou Gonçalo Lopes.