Sociedade
Recolha de roupa. Directiva europeia veste-se a diferentes velocidades
Apesar de faltar regulamentação, vários municípios da região já estão a trabalhar em sistemas de recolha de roupa usada, com o objectivo de reduzir o impacto ambiental destes resíduos
A partir de Janeiro de 2025, vai passar a ser obrigatório recolher roupa usada e outros resíduos têxteis. Mas a poucos dias da entrada em vigor da directiva europeia, os municípios, responsáveis por criar e operacionalizar a nova rede, desconhecem o financiamento de que deverão dispor e queixam-se de falta de regulamentação sobre o tema.
Enquanto pouco se sabe sobre como se materializará a directiva, na região de Leiria os municípios avançam com medidas e projectos, a diferentes velocidades.
Em Leiria, explica o vereador Luís Lopes, “pouco se sabe como e quem fará o quê, bem como se existe ou não financiamento” para concretizar a directiva europeia. No entanto, o município já arrancou com o seu sistema de recolha selectiva de roupa há dois anos. Desde que deu início ao projecto-piloto Se Não Vestes, Valoriza, para a recolha, reutilização e reciclagem de têxteis em fim de vida, em Outubro de 2022, até Outubro de 2024, foram recolhidas cerca de 15 toneladas destes artigos, envolvendo 22 instituições de ensino e IPSS do concelho.
Foram colocados pontos de recolha próximos da comunidade escolar, para facilmente serem utilizados por alunos, pais, professores e funcionários e, pela mesma lógica - grande concentração de pessoas - foram também colocados em IPSS, explica o vereador.
“No próximo ano vamos manter estes pontos de recolha e alargar o número de contentores com gestão do município. E vamos incentivar a sua utilização, trocando cada tonelada por um valor monetário”, refere o autarca. “Temos uma empresa parceira, que recolhe e faz a triagem. Os artigos que estão em condições são entregues a pessoas carenciadas, os outros são reconvertidos noutras peças. Tornam-se matéria-prima que volta a entrar no circuito de confecção. O objectivo é encaminhar o mínimo possível para aterro”, salienta Luís Lopes.
“Ainda não são conhecidas as regras, mas desde há muito tempo Município de Porto de Mós tem um acordo com uma empresa, que faz a recolha desse material”, refere o vereador Eduardo Amaral. “Como temos este processo, vamos manter. Depois, dependerá da resposta dos operadores”, nota o autarca.
População terá de aderir
“Andamos a estudar o assunto há dois anos, reunindo com várias empresas”, adianta João Brito, vereador da Câmara Municipal da Marinha Grande. “Estamos a desenvolver um protocolo com uma empresa certificada, que recolhe e encaminha esses artigos. Mas está tudo ainda muito embrionário. Sendo obrigatório, teremos de ir melhorando”, reconhece o vereador. “Tem de ser bem pensado para surtir resultados”, realça João Brito, lembrando que, apesar de existir sistema de recolha para monos, a população também não tem aderido como seria desejável.
Na Câmara Municipal da Batalha, o vereador Carlos Agostinho informa: “tivemos conhecimento muito recentemente dessa directiva europeia e estamos a preparar um programa de adaptação, está em fase de elaboração”.
Ou seja, “já temos contentores, temos entidade que faz a recolha e a selecção e uma política social, uma loja social que recebe o vestuário que está em condições. Mas temos de fazer o reajuste à directiva, mantendo a continuidade do que temos implementado”. “Existem bases gerais, mas carece de regras nacionais. Até lá, mantemos o programa. Depois, faremos adaptações.”
Já em Pombal, o presidente do município, Pedro Pimpão, informou, em reunião de câmara, que o projecto de recolha e reutilização de têxteis já foi apresentado na Escola Secundária de Pombal e que a ideia é estender a outras secundárias do concelho.