Sociedade
Raul Castro, candidato pelo PS, a Leiria: "já não é o tempo dos trauliteiros e dos obcecados pelo vício do poder"
"[Com o multiusos] Não vamos ter outro estádio, em termos de derrapagem de custos", diz Raul Castro, cabeça-de-lista do PS à Câmara de Leiria, que procura um terceiro mandato.
Além da consolidação das finanças municipais, qual a medida mais marcante do seu mandato?
Ter as finanças em dia permite com o mesmo montante fazer mais obra. A segunda vantagem é a credibilização da imagem da autarquia e a injecção de dinheiro na economia local. Temos hoje um prazo médio de pagamento de seis dias, o que dá segurança aos fornecedores.
O que faria de maneira diferente?
Não tinha alternativa. Quando cheguei, havia facturas com meses de atraso. Entretanto, saiu a Lei dos Compromissos que exige que haja dinheiro atempadamente para execução da obra. Isso veio regularizar a gestão nas autarquias.
Tínhamos de lutar pela recuperação financeira da autarquia, para podermos desenvolver o nosso programa. Quisemos, no entanto, manter a disponibilidade para executar obra e fizemos intervenções em áreas importantes para nós, porque têm a ver com a qualidade de vida do concelho. Leiria tem hoje um conjunto de indicadores nacionais que são reveladores disso mesmo.
Falou em qualidade de vida, mas há ainda o problema da poluição do Lis.
Não é fácil de resolver. O sector suinícola é importante para a economia local, mas também tem custos para o ambiente, que não são provocados pela generalidade dos produtores, mas por alguns que continuam a perverter as regras, afectando a qualidade ambiental do concelho. E não é só dos cursos hídricos.
Há unidades hoteleiras em Monte Real que também sofrem. O que temos vindo a fazer, sem agitar bandeiras, é insistir junto das entidades competentes para que se criem condições para resolver o problema. Não é por acaso que foi diferido o prolongamento do prazo para o aproveitamento dos fundos comunitários para a ETES. Os municípios não podem participar em sociedades com natureza mercantil, como aquela que irá explorar a ETES. Basta ver os acórdãos do Tribunal de Contas.
Há quem acuse a Câmara de, nesta questão, estar sempre mais do lado dos suinicultores do que do ambiente.
A maior parte das explorações pecuárias estava em situação irregular e hoje encontra-se legalizada, com o recurso à declaração de interesse público. Mas, para tal, as explorações tiveram de fazer obras para garantir o mínimo impacto ambiental. Há um ganho que tem sido conseguido, também com maior consciência dos produtores.
O candidato do PSD acusou-o, em entrevista ao JORNAL DE LEIRIA, de ser “um presidente cómodo, que não gosta de criar ondas” e que “não se envolve nas grandes causas da região”. Como comenta?
Houve momentos em que pensei que só eu defendia Monte Real. Agora, já todos defendem. É preciso saber trabalhar as coisas no sentido certo. O que se pretende é um aeroporto regional internacional, mantendo a base, com um modelo idêntico ao das Lajes.
Além de mim, há muita gente a trabalhar nos bastidores. Não vejo nessas reuniões alguns dos papagaios que por aí andam. Nas causas importantes eu estou lá.
Não faço nem nunca fiz política de fachada. Já não é o tempo dos trauliteiros e dos obcecados pelo vício do poder. As pessoas querem alguém que lhes fale verdade. Eu e a minha equipa disponibilizámo-nos, e cumprimos, para dar o melhor de nós e fazer mais e melhor por este concelho. Cometemos alguns erros, naturalmente.
Falou em “obcecados pelo vício do poder”. A quem se está a referir?
A ninguém em concreto.
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