Sociedade
PJ: investigação de crimes? Só entre as 9 e as 17:30 horas
Se não houver meios disponíveis o crime terá de esperar até os inspectores entrarem ao serviço.
Se acontecer um crime entre as 17:30 horas e as 9 horas, a Polícia Judiciária pode não chegar ao local durante este período, mesmo que existam mortes.
Os inspectores estão em greve às horas extraordinárias, em protesto pela falta de recursos humanos e exigem a revisão do estatuto, cuja actualização foi realizada há 19 anos. Fora do período do horário de trabalho estipulado, é o piquete que tem de assegurar as ocorrências. “Caso não esteja disponível, podem ser chamados outros departamentos”, explica António Rodrigues, representante de Leiria da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da Polícia Judiciária .
No entanto, se não houver meios disponíveis o crime terá de esperar até os inspectores entrarem ao serviço.
O dirigente sindical informa que o maior impacto da greve faz-se sentir, sobretudo, “nas operações desenvolvidas na madrugada e ao início da manhã”, acções que não estão a ser realizadas devido à greve.
Segundo o JORNAL DE LEIRIA apurou, recentemente registou-se um suicídio na região e o corpo esteve no local mais de três horas à espera dos inspectores. “Os serviços estão a acumular-se.
Somos muito poucos. As pessoas reformam-se e não são substituídas. O departamento de Leiria é um dos que mais trabalho tem e não há reforço de meios”, refere um inspector.
António Rodrigues afirma que os inspectores estão ainda a fazer greve 19 minutos por dia, em alusão aos 19 anos em que o estatuto não é revisto. “O que se passa em Leiria é o mesmo que sucede em todo o País. Temos falta de meios e há um envelhecimento da classe e precisamos de gente nova. Existe uma grande falta de resposta por não temos inspectores em número suficiente”, esclarece.
Segundo explica, há inspectores no País, mas “não abrem concursos” e quando são disponibilizadas novas vagas estas “são em número insuficiente”. “Nem dá para repor as saídas de inspectores, quanto mais para reforçar a equipa.”
O dirigente sindical sublinha que a greve não é focada nas condições financeiras. “A nossa luta é para termos mais gente a trabalhar e melhores condições. Temos tido negociações com a tutela. Já tivemos uma vitória ao conseguirmos que a ministra da Justiça actualizasse o subsídio de risco.”