Sociedade

“Pensei que era daquela vez”

26 out 2017 00:00

Um carro dos Bombeiros Voluntários de Leiria e outro veículo dos Municipais arderam por completo no incêndio do dia 15 de Outubro. Os operacionais viveram momentos de risco.

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Arriscam a vida sem pensar. O que os move é a protecção do próximo e foi isso que todos os bombeiros envolvidos no combate ao incêndio do passado dia 15 de Outubro fizeram ao longo da linha de costa, entre as localidades de Burinhosa (Alcobaça) e do Carriço (Pombal). Uma viatura dos Bombeiros Voluntários de Leiria foi consumida pelas chamas, na zona do Grou, perto do Coimbrão, e o mesmo sucedeu com o veículo dos Bombeiros Municipais de Leiria, em Água Formosa, perto de Moinhos de Carvide. Os bombeiros conseguiram fugir das chamas, mas não ganharam para o susto.

“Por momentos pensei que era daquela vez”. A frase é de Nelson Pereira, 43 anos, chefe da equipa dos cinco elementos da 6.ª companhia dos Cardosos dos Voluntários de Leiria, que perderam o veículo de combate a incêndios. Este grupo foi solicitado para tentar proteger uma casa que estava em perigo. Depois de calcularem todas as condições de ataque às chamas foram para a frente de fogo, mas “de repente houve uma reviravolta e o veículo parou”.

Quando viram que não tinham hipóteses de sair dali com a viatura, fugiram como puderam. “Foi muito complicado. Temi pela vida”, confessa, adiantando que foi a primeira vez em quase 20 anos de voluntário que pensou que poderia não sobreviver.

O fumo intenso tornou-os ‘cegos’ e desorientou-os. “Não se via nada a cinco metros. A equipa esteve semprejunta e foi o que nos salvou. O comandante adjunto foi ao nosso encontro e saímos para um local seguro”, conta ainda Nelson Pereira. Os breves segundos em que sentiram o calor das chamas e o fumo intenso pareceram horas. “Apesar de termos formação, quando ficamos sem ver há sempre alguma desorientação e nesse momento não se pensa em nada. São segundos que parecem uma eternidade a passar. Só depois de estarmos todos a salvo no jipe é que pensei na família e em tudo o que ficou no carro.”

Resgatados para o quartel de Monte Redondo, receberam apoio psicológico e os ‘mimos’ do comandante Luís Lopes pelo telefone. “Apesar de jovem, é um homem que está do nosso lado e nos deixa ‘derretidos’”, desabafa, com a voz embargada pela emoção.

O inferno do f

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