Sociedade
Pedidos de ajuda à Associação Mulher Século XXI voltam a bater recorde
Violência doméstica aumentou na região
Os pedidos de ajuda à Mulher Século XXI, Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres, em Leiria, voltaram a aumentar este ano. No primeiro semestre de 2022, foram registados 114 novos casos durante o primeiro semestre deste ano, um valor superior aos 90 sinalizados em igual período de 2021.
“Estes números mostram-nos que há casos que se estão a destapar, embora acredite – não tenho estudos que confirmem – que estará a haver um aumento do crime da violência doméstica”, afirma Susana Ramos Pereira, presidente daquela Organização Não Governamental dos Direitos das Mulheres.
Entre os novos casos, 11 são reincidências. Tratam-se de 112 mulheres vítimas de violência doméstica que procuraram ajuda, seis idosas, quatro homens, três idosos.
A Mulher Século XXI contabiliza ainda 33 acolhimentos de emergência: 18 mulheres e 15 dependentes. O Gabinete Girassol, que dá apoio psicológico a crianças e jovens vítimas de violência doméstica nos dez concelhos da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), atendeu 51 novos casos, dos quais 30 são rapazes.
Para Susana Ramos Pereira, a pandemia da Covid-19 obrigou as vítimas a “viver dois anos sob o jugo do agressor”, contribuiu para um “maior isolamento e silenciamento das vítimas, impedindo-as de denunciar os abusos, mas mostrando-lhes também que teriam de sair logo que possível deste ciclo de agressão”.
Este cenário fez com que as vítimas “tomassem uma decisão de denunciar”, acrescenta. “Estão a aparecer mais casos e temos alguma reincidência de pessoas que desistiram dos processos e agora voltaram a pedir ajuda. Também está a aumentar a comunidade brasileira na região e temos tido mais pedidos de ajuda destes imigrantes”, revela a presidente da Mulher Século XXI.
A Mulher Século XXI é uma entidade da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, e responsável pelo Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica de Leiria, pela Resposta de Acolhimento de Emergência e pelo RAP – Resposta de Apoio Psicológico a crianças e jovens vítimas de Violência Doméstica da CIMRL (Gabinete Girassol e gabinetes itinerantes).
Desde 2017, data em que a associação tem registos, já foram acompanhadas mais de 3.000 vítimas de violência doméstica. “Algumas ainda nos procuram”, afirma.