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Palavra de Honra | Quero acreditar em unicórnios mas sem nunca perder o respeito aos burros.

16 out 2022 10:08

Joana Correia, directora do serviço de psicologia clínica do Hospital Stº André

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- Já não há paciência... para haters,  para quem está tudo mal, mesmo sem escolher a própria noção do que pode significar estar bem. Para a intolerância e para a falta de noção, o mote de uma estranha liberdade usada como uma espada que fere sem razão, só porque há o direito de o fazer.

- Detesto...a palavra detestar, é forte! Detestar implica um estado limite, de não dar uma oportunidade a algo. Detesto ser levada a detestar alguma coisa.

- A ideia...
comanda a vida, é como o sonho. Sem ideias o mundo trava e é tão mais bonito vê-lo girar.
 
- Questiono-me se...ui..questiono- me de tantas coisas! Desde os segredos da humanidade até ao facto de os pinguins terem ou não joelhos! E há coisas que vou querer sempre saber, outras que vou sempre questionar, com um toque de teimosia! Para manter a realista ilusão de que sou, ainda, um espaço infinito para informação  (que, na maioria das vezes, não me leva a lado nenhum, mas me faz seguir em frente).
 
- Adoro... ler! Transportar-me para um espaço que pode ser do outro lado do mundo ou nunca ter existido, sem nunca sair daqui! Chorar histórias, criar fantasias, construir castelos.. Querer acreditar em unicórnios mas sem nunca perder o respeito aos burros.
 
- Lembro-me tantas vezes...seria mais fácil se fosse do que me esqueço! Mas, muitas vezes, lembro-me de conversas com os meus sábios sobrinhos ( tenho uns 300!). Não há reflexões mais interessantes do que as que saem do pensamento de crianças na primeira infância, fazem-te refletir sobre aquilo que a vida devia ser: simples e descomplicada.
 
- Desejo secretamente... será que alguém quer saber mesmo isto? Bem, secretamente? Desejo nunca deixar de ter desejos e ter sempre a capacidade de conseguir conquistar uns e conseguir abdicar de outros ( a bela resposta que tudo diz, e nada conta).
 
- Tenho saudades... às vezes sinto saudades de mim mesma. Acho que são as saudades mais importantes, aquelas que te fazem parar e recentrar, lembrares-te do porquê das coisas, de onde queres estar e o que estás disposto a fazer.
 
- O medo que tive...tive e tenho muitos! Acho que olho para os medos como mecanismos de defesa e motores de crescimento, possivelmente o processo que mais nos limita e, em simultâneo, nos pode libertar. Sem dúvida que a perda, independente do seu contexto, é o medo que mais respeito.
 
- Sinto vergonha alheia...tento não sentir! Acho que, quando crescemos, a diversidade que encontramos na vida nos traz um pouco de tudo, mas, acima de tudo, a maturidade também reflete a responsabilidade e a liberdade para escolher. Já tenho as minhas próprias vergonhas, se cada um ficar com a sua, é mais equilibrado.
 
- O futuro...citando o meu sábio amigo António Mota, vai ser fantástico! Claro que depende das escolhas de cada um de nós, e não vai ser sempre maravilhoso. Mas cada dia traz a possibilidade de novas escolhas, desde o café ao chá, do dormir ao levantar, escolhas que têm consequências, mas dependem de ti. Isso não é fantástico?
 
- Se eu encontrar...o meu reflexo no espelho, espero conseguir, independente do momento, ter sempre orgulho nas minhas escolhas e na pessoa que estou a tentar ser. Mudar o que tiver de mudar, aceitar o que for de aceitar e, como diz o lema que todos deveríamos seguir, ter a sabedoria para distinguir os dois.
 
- Prometo... normalmente não prometo para não falhar. Mas pelo menos prometo tentar não o fazer, nem prometer, nem falhar..
 
- Tenho orgulho...nas pessoas que a vida me tem apresentado, mas especialmente naquelas que tenho escolhido manter. Aquelas a quem abrimos a porta de casa e que nos ficam no coração. Tenho orgulho nas escolhas que vou fazendo, podem não ser sempre certas, mas são as que me trouxeram ao presente, e me vão preparar para o futuro.