Opinião
O poder do facebook
Não há dúvida alguma de que as redes sociais vieram revolucionar por completo a forma de comunicar, com milhões de pessoas
Não há dúvida alguma de que as redes sociais vieram revolucionar por completo a forma de comunicar, com milhões de pessoas e instituições a utilizarem essas plataformas para se informarem, emitirem opiniões, exprimirem sentimentos, comunicarem novidades ou fazerem marketing.
Actualmente, quase nada acontece sem ser veiculado através do Facebook, Twitter e afins, seja o mais pequeno pormenor da vida quotidiana, sejam assuntos de Estado de elevada importância, com personalidades tão poderosas como Baraka Obama ou o Papa Francisco a não negligenciarem a força desses meios para transmitirem as suas mensagens.
Poder-se-á mesmo afirmar que as redes sociais, sendo acessíveis a todos e tendo um impacto tremendo, trouxeram uma nova dinâmica aos Estados democráticos e têm causado muito receio nos países governados com mão autoritária. Ali, qualquer pessoa tem a possibilidade de expressar-se livremente, de fazer ouvir a sua voz, de mobilizar outros para as suas causas.
Sem mecanismos de censura ou pressões de qualquer natureza. Cada um diz o que quer, com grande probabilidade de ter público alargado. Das redes sociais nasceram já movimentos reivindicativos e solidários, manifestações e até revoluções, bastando lembrarmo-nos do papel que tiveram na denominada Primavera Árabe.
No entanto, como não há bela sem senão, as redes sociais têm igualmente tido um lado extremamente perverso, fazendo lembrar outros momentos da nossa história em que certas descobertas, dependendo das mãos que as usaram, foram tão importantes como catastróficas para a humanidade.
Neste caso, as redes sociais têm tido também um papel facilitador no crescimento de movimentos extremistas, na mobilização de 'soldados' para causas terroristas, na expansão do que pior existe na natureza humana.
E mesmo não colocando as coisas num patamar tão extremado, a verdade é que mesmo no dia-a-dia, com assuntos menores da vida quotidiana, a utilização das redes sociais deixa, frequentemente, muito a desejar.
Para muitos dos seus utilizadores é apenas palco de coscuvilhice, maledicência, crítica vã, ataques indiscriminados. Um meio de vingança, de denúncias patetas, de lançar boatos. Não raras vezes, a coberto do anonimato que estes meios permitem, juntando à cretinice a cobardia. É, pode dizer-se, um retrato da sociedade onde convivem pessoas com princípios e valores distintos, com diferentes graus de bom-senso, com maior ou menor carácter.
Onde há o bom e o mau, onde se fala do que interessa, mas também do desprezível. A virtude das redes sociais é, pois, o seu maior problema: a quase total ausência de filtro. O poder-se escrever o que se quer, sobre quem bem se entende, sem quaisquer consequências.
É uma arma muito poderosa ao alcance de qualquer energúmeno, daqueles capazes de fabricar verdades através da mentira. Daqueles que, com a sua estupidez, levarão a que um dia as redes sociais percam o que de melhor têm: a ausência de censura e a liberdade total.
João Nazário
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo