Desporto
Nuno Virgílio concebe mapa-mundo que revela os melhores locais para voar
Campeão nacional, natural do Juncal, definiu 650 pontos do planeta perfeitos para a prática do parapente
Lá em casa sempre voaram, literalmente, influenciados pelo pai. Natural do Juncal, concelho de Porto de Mós, Nuno Virgílio começou no parapente ainda adolescente, nas praias da região, e depressa quis explorar outras possibilidades.
Hoje, várias facetas da vida deste engenheiro mecânico se cruzam com a modalidade. Da start-up digital na área do turismo e viagens aos... mapas.
O palmarés fala por ele. Três vezes campeão nacional, detém também o recorde do voo mais longo realizado em Portugal, nada menos de 314 quilómetros.
Foi nono classificado num Europeu, venceu uma manga de uma Taça do Mundo, mas o evento que considera mais memorável foi a participação no Red Bull X-Alps, onde teve de atravessar os Alpes de ponta a ponta. “São mil quilómetros a voar ou, se o tempo não permitir, a caminhar carregando o parapente.”
A paixão do engenheiro mecânico é antiga, mas não tem tendência a esmorecer. As sensações são de tal forma especiais que se tornam difíceis de transformar em palavras.
“Podemos voar literalmente como os pássaros e, por vezes, cruzamo-nos com aves majestosas, como águias, cegonhas e até grifos. Estes últimos são bastante curiosos e muito amistosos, chegando a seguir-nos durante bastante tempo. Quando se aproximam de nós e nos olham de alto a baixo, continuando o voo ao nosso lado, sentimo-nos aceites como um deles”, explica.
Para lá de voar, Nuno Virgílio sempre foi obcecado por geografia. “Em miúdo perdia-me num mapa-mundo que o meu avô tinha em casa. Ficava horas a olhar para os nomes das cidades, das montanhas e dos rios nos sítios mais longínquos.”
Um mapa é, entende, um “diário visual”. “Representa um pouco os sonhos que gostaríamos de realizar e a memória daqueles que já completámos.” Lembra-nos, pois que “existe um mundo por descobrir”.
Foi assim que, um dia, decidiu juntar as duas paixões numa só e resolveu criar uma carta com os melhores spots de parapente existentes no planeta.
“Descobri uma empresa que já produzia mapas de outras actividades e achei muito cativante a forma como o apresentavam, com ilustrações dos sítios mais emblemáticos no Mundo inteiro. Sugeri-lhes um dedicado ao parapente e começámos a trabalhar.”
Esta finalmente pronto. Há 650 pontos assinalados na planta, mas “bastantes mais haveria a indicar”. “Muitos” são conhecidos de Nuno Virgílio, outros são fruto da procura que fez e das vozes que ouviu.
“A pesquisa que fiz para completar as áreas mais remotas também aguçou a curiosidade, especialmente por alguns locais na América do Sul e Ásia”, admite.
Um dos pontos é, naturalmente, na região. “É como estar em casa. Foi ali que comecei a voar e sinto-me muito à vontade nesta região”, explica Nuno Virgílio .
“Claro que não podia deixar de assinalar a minha zona. As praias em redor da Nazaré são ideais para o voo e muito procuradas pelas escolas para a instrução dos seus alunos. Mais no interior temos as serras de Aire e Candeeiros, que já permitem uma abordagem a um voo mais técnico. Temos descolagens para todas as orientações de vento e para as mais variadas condições, tal como para todos os níveis de pilotagem.”