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Museu de Leiria abre portas no domingo
Novo Museu de Leiria abre portas domingo. Conta com importantes reservas e colecções de carácter multidisciplinar, nomeadamente, o acervo do antigo museu regional de Leiria, a reserva de arqueologia e colecções de arte municipais
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No dia 15 de Novembro, precisamente na data em que se celebra o 98.º aniversário da criação do Museu Regional de Obras de Arte, Arqueologia e Numismática de Leiria, por decreto estatal, abre portas o novo Museu de Leiria.
Mais do que um equipamento vocacionado para a mostra de colecções e curiosidades, o novo espaço pretende ser um local de afirmação da identidade da região, uma âncora para os investigadores e um ponto de divulgação e realização de eventos de índole cultural.
Foi preciso um investimento total 2.8 milhões de euros, com comparticipação do Feder de 2.4 milhões de euros e um apoio do Programa Integrado do Turismo de 63.9 mil euros, para recuperar e adaptar o antigo convento de Santo Agostinho, cuja igreja foi começada a construir em 1577, sob ordens de D. Frei Gaspar do Casal.
O resultado é um museu que conta com três núcleos principais, ordenados segundo ordem cronológica, sendo o primeiro dedicado à ampla região onde Leiria se insere e os seguintes afunilam o seu escopo até focarem a atenção no castelo e no futuro do espaço geográfico.
Pensado para acolher exposições de longa e curta duração, baseadas no acervo que consta das reservas museológicas, o museu tem uma área de reserva, com equipamentos que mantêm as colecções sob condições climáticas controladas, outra de conservação e restauro, serviço educativo, núcleo de investigação/sala polivalente/auditório e um centro de documentação, destinado a investigadores.
Quando Tito Larcher e outros cidadãos da cidade se juntaram para criar o primeiro museu estavam longe de imaginar o tempo e o processo conturbado que seria a instalação definitiva do equipamento na sua actual casa.
Viagem pelo tempo
O visitante entra pela antiga porta principal do convento, virada para a rua Tenente Valadim. Lá dentro, um pequeno pátio foi transformado em bilheteira. Uma porta à direita dá acesso ao claustro em tons de azul e amarelo e ao elevador para deficientes motores.
Em frente, uma escadaria leva os restantes visitantes ao primeiro andar e ao início do circuito. No chão, um trilho e, nas paredes, sinalética em Braille guiam cegos e amblíopes. Há ainda um vídeo-audio guia com informações completas sobre as zonas visitadas.
Após pagar o ingresso que custa cinco euros e dá acesso também ao Museu do Moinho do Papel, ali ao lado, a primeira sala no andar superior é a de uma exposição de longa duração sobre Leiria e a região que a envolve.
A visita é uma verdadeira viagem no tempo até há 200 milhões de anos, quando a região e Portugal integravam as ilhas Variscides, actuais Armórica e Península Ibérica. Desses tempos, estão expostos vários achados arqueológicos encontrados na mina de carvão da Guimarota, quando a zona era uma luxuriante floresta tropical de araucárias.
Ali podemos ver o maxilar de um grande crocodilo, com mais de dez metros, e dentes de pequenos roedores, como o Henkelotherium guimarotae, que é o mais importante achado científico deste núcleo. De salientar que os objectos seleccionados por 14 consultores, de entre 40 personalidades consultadas, servem para ilustrar a “identidade leiriense”.
A viagem leva-nos a avançar mais 50 milhões de anos e o pântano e floresta tropicais dão lugar a um rio em formação. Outro salto no tempo depois e, há um milhão de anos, assistimos à chegada dos primeiros antepassados humanos.
A espiral temporal não pára e eis que chegamos há 29 mil anos, quando o xamã de uma tribo dehomo sapiens se prepara para enterrar uma criança, no vale cársico em cujos extremos, um dia, serão edificadas a vila da Caranguejeira e a aldeia de Santa Eufémia.
Num ecrã, podemos ver, a recriação em filme, de como terá sido aquele evento que nos deu o fóssil do Menino do Lapedo. Na parede do outro lado, está uma representação das pinturas rupestres descobertas por Pedro Ferreira, em Outubro de 1998, que haveriam de levar àquele que é o maior achado arqueológico da história do ser humano, na Península.
Na cama ritual usada como sepulcro do menino e na fogueira que aquecia a tribo, os arqueólogos encontraram carvão de pinheiro, elemento unificador desta narrativa.
O espaço seguinte é dedicado ao morro do castelo. Nele é explicado como foi formada a elevação, através da fuga de magma por entre a crosta terrestre, resultando num grande rochedo de dolorite, e que a ocupação humana do local data de há mais de cinco mil anos.
“A partir dos trabalhos realizados entre 2009 e 2012, foram seleccionados nove objectos que mostrassem, além da história do monumento classificado, a do morro”, indica Vânia Carvalho, coordenadora do museu.
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