Economia
Mulheres ocupam menos de um terço dos cargos de liderança nas empresas
Estão em maioria em muitos sectores, mas quando se fala em cargos de topo o cenário muda de figura
Apesar dos progressos registados nos últimos anos, a presença de mulheres em posições de liderança nas empresas ainda está muito longe da paridade, conclui a última edição do estudo A presença feminina nas empresas em Portugal, da Informa D&B, apresentado no Ministério da Economia ontem, Dia Internacional da Mulher.
Considerando o universo empresarial no nosso País (empresas públicas e privadas), no final de 2016 as mulheres ocupavam 28,6% dos cargos de liderança (função de primeiro gestor), aponta a análise da Informa D&B. Ou seja, menos de um terço das posições de liderança. Em 2011 eram 22,9%, o que significa que houve um crescimento de 5,2 pontos percentuais.
Se considerarmos os cargos de gestão (na gerência ou conselho de administração), as mulheres ocupam já 34,2% do total, contra 31,9% em 2011, o que traduz um crescimento de 2,3 pontos percentuais.
Que motivos explicam que a percentagem de mulheres em cargos de topo/chefia seja ainda bastante inferior à de homens a desempenhar as mesmas funções? “Creio que é cultural. Não se prende com a formação académica ou capacidade que as mulheres detêm para desempenhar qualquer função”, entende Carla Moreira.
Para a CEO da Arfai, empresa de cerâmica de Alcobaça com 80 trabalhadores e um volume de negócios de 2,2 milhões de euros, que exporta 98% da sua produção para praticamente todo o mundo, as mulheres “têm menos disponibilidade” para funções de liderança, “pois espera-se que sejam super mães, esposas, donas de casa e profissionais”. “Espera-se delas o que não se espera de homem nenhum e esta questão é cultural. Se falarmos com um cidadão dinamarquês, esta questão nem sequer se coloca”.
Há quem defenda que as próprias mulheres, muitas vezes, não querem desempenhar esses cargos. Carla Moreira concorda que “encontramos efectivamente mulheres que estão talhadas para a família e provavelmente não aceitariam cargos de chefia, mas não acredito que seja a maioria”.
Na maior parte das situações, acredita a empresária, “é vedado o acesso a cargos de chefia às mulheres e é muito difícil vingar num mundo de homens, pois mesmo quando chegam a cargos de maior relevância têm de se esforçar a dobrar para provar que são portadoras de talento e valor”.
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