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Ministra em Leiria para conhecer projectos da Cultura
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, está desde esta manhã em Leiria numa visita que percorre projectos e estruturas culturais da cidade
A ministra da Cultura considerou hoje em Leiria que a renovação do Castelo de Leiria, com instalação de elevadores - "certamente sustentável ambientalmente", disse - e intervenção na Igreja da Pena, entre outras obras, é “um bom exemplo” de como “projectar de forma diferente” o quotidiano das cidades.
Graça Fonseca falava justamente na Igreja da Pena na apresentação, pelo colectivo a9)))), do programa de curadoria Alta do Conhecimento Leiria, que é um programa local de ambição europeia, no contexto do Novo Bauhaus Europeu, que procura novos modos de produzir, habitar e viver, mais sustentáveis, com a visão de que as artes, a ciência, a indústria e as pessoas, quando se cruzam, são capazes de transformar a vida, melhorando-a.
Antes, a meio da tarde, Graça Fonseca esteve nas Cortes, a conhecer o projecto Nascentes, da cooperativa CCER Mais, que envolveu quase três dezenas de artistas, músicos e investigadoras ligadas à Universidade de Coimbra na criação de um circuito artístico composto por cinco instalações (com componente visual e sonora) no percurso pedonal que liga a nascente do rio Lis à aldeia de Fontes.
Ministra, ópera e prisão
A ministra da Cultura chegou a Leiria de manhã no âmbito do roteiro nacional que iniciou a 30 de Abril deste ano.
O programa para Leiria, esta sexta-feira, contemplou visita à cidade e contacto com estruturas culturais locais. Objectivo, segundo o Ministério da Cultura, “o aprofundamento de um trabalho de proximidade e colaboração do Ministério da Cultura com as autarquias e demais agentes culturais, bem como a sensibilização e informação sobre os diversos instrumentos e medidas estruturantes que foram aprovados na reunião de conselho de ministros temática sobre cultura, realizada a 22 de Abril passado em Mafra”.
Graça Fonseca começou por conhecer o projecto Ópera na Prisão, da SAMP – Sociedade Artística Musical dos Pousos, e o centro de artes performativas Pavilhão Mozart, no Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens.
A agenda da jornada por Leiria, segundo o Ministério da Cultura, terminava depois das 19:30 horas, com a presença no espectáculo de ópera cómica multimédia Simplex, pelo Quarteto Contratempus, que decorre no Teatro José Lúcio da Silva, no âmbito do Festival Música em Leiria e das comemorações dos 75 anos do Orfeão de Leiria.
Novo Bauhaus, nova Leiria
Apresentado pelo colectivo a9)))), o programa Alta do Conhecimento Leiria vai desenvolver-se através de duas frentes de acção: as chamadas para ideias e as Jornadas da Vivenda -- a primeira começou hoje, na Igreja da Pena.
As chamadas para ideias assentam numa visão em torno do Castelo de Leiria. Uma auscultação ao território, em dois passos: 1) Agora estamos aqui – isto pode ser assim para sempre? e 2) Visionários – daqui, como é que mudávamos o mundo?
Já as Jornadas da Vivenda, em colaboração com o colectivo Grémio, prevêem um programa de residências interdisciplinares em torno do habitar. Os residentes deverão procurar respostas às seguintes questões: Que habitação e tipologia? Onde construir e como? Que materiais e técnicas de construção utilizar?
O programa Alta do Conhecimento Leiria pretende proporcionar “colaborações inéditas com parceiros improváveis” e “propostas de projectos geradores de exemplos práticos e replicáveis”.
Esta visão, as acções e os produtos que promove, são um contributo para a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027.
Para o a9)))), o Novo Bauhaus Europeu é “uma oportunidade para Leiria”, recentemente eleita cidade criativa da música na rede Unesco, “ser protagonista de um movimento cultural vanguardista para a aplicação extensiva das agendas ecológica e digital europeias”.
Leiria “tem evoluído significativamente nas áreas da indústria e da tecnologia e tido um desenvolvimento notável do sector cultural”, assinala o a9)))), transformações que “têm impacto no bem-estar de quem habita a cidade”.
“Queremos contribuir afirmativamente para esta transformação, com uma proposta de acção enquadrada por valores europeus, para um futuro equilibrado e feliz”, refere a nota de apresentação do projecto enviada à imprensa.
O movimento apela à colaboração de todos: Câmara Municipal de Leiria, artistas das mais diversas áreas, arquitectos, designers, professores, biólogos, historiadores, arqueólogos, engenheiros, jardineiros, agricultores, industriais, escolas e todos os que queiram participar e mostrar uma “capacidade colectiva de transformar”.
Arte inspirada no rio Lis
A nascente do Lis, o próprio rio e a aldeia de Fontes são a inspiração do projecto Nascentes, que arrancou a 24 de Abril e hoje, 28 de Maio, colocou no terreno a quinta e última instalação.
Artistas, músicos e investigadoras ligadas à Universidade de Coimbra colaboraram na produção de instalações com elementos sonoros e visuais, uma por semana, a partir de conversas com investigadoras da Universidade de Coimbra que lançaram temas como a nascente como criação, o aparecimento do ser humano, o encontro com os outros, a organização social, o misticismo, a crença e a religião.
As residências artísticas decorreram no espaço Serra, um centro criativo na Reixida, arredores de Leiria, em instalações do grupo Movicortes, proprietário, também, do JORNAL DE LEIRIA.
O projecto Nascentes materializou um circuito de arte pública em convivência com o rio, ao longo do caminho pedonal que liga as Fontes à nascente do Lis, com estruturas pensadas e criadas pelo colectivo Til.
Participaram as investigadoras Anabela Marisa Azul, Susana de Noronha, Marcela Uchoa, Teresa Toldy e Sara Araújo, todas com ligação à Universidade de Coimbra, também a dupla Sara & André, Paulo Sellmayer, Miguel Rondon, Lisa Teles, Tiago Baptista, Nuno Gaivoto, Gonçalo Pena, Leonardo Rito e Valter Vinagre na co-criação visual e os músicos Pedro Pestana, Vasco Silva, Surma, João Hasselberg, Edgar Valente, João Cabrita, Pedro Melo Alves, Labaq, Inês Bernardo e César Cardoso na co-criação sonora.