Desporto
Mesmo em tons cinza, todos querem que o Rali Vidreiro prossiga na mata
A prova já tem data no campeonato nacional do próximo ano, mas ainda não se sabe se poderá ser disputada no Pinhal de Leiria. Aquela que é, no fundo, a sua casa e, até, razão de ser.
Durante a semana passada foi conhecido o calendário para 2018 do Campeonato de Portugal de Ralis. Nele consta, mais uma vez, o Rali Vidreiro, que irá para a estrada nos dias 8 e 9 de Junho. Não é propriamente uma novidade, pois a prova, que teve a sua primeira edição em 1971, tem uma longa tradição no panorama automobilístico nacional.
Contudo, a edição do próximo ano tem tudo para ser única e irrepetível. E tanto pode ser pelas melhores, como pelas piores razões. Resta saber o que vai acontecer nos próximos seis meses.
O incêndio de Outubro dizimou praticamente por completo o Pinhal de Leiria. Terão ardido 17.250 hectares e poucos, muito poucos, foram os locais que sobreviveram incólumes à tragédia. De tal forma que, já este mês, o Município da Marinha Grande procedeu ao encerramento de estradas florestais “cuja utilização representa um perigo tendo em conta o risco real de queda de árvores para as vias, dada a sua vulnerabilidade”.
Nesse sentido, foram colocados separadores de vias em betão, simétricos, em diversos locais do concelho, nos arrifes e aceiros interditados e não é possível, para já, antecipar como vão estar as coisas daqui a meio ano.
O verde foi em grande medida trocado pelo preto-e-branco. Os pássaros desapareceram e o seu alegre cantar foi substituído por um silêncio soturno. Onde havia vida há agora cinzas. Como consequência dos incêndios, muitas das estradas por onde aceleram os participantes no Rali Vidreiro estão, pois, encerradas e não se sabe ainda como estarão na altura em que a prova se realizar.
Nuno Jorge, vice-presidente da Direcção do Clube Automóvel da Marinha Grande (CAMG) e director de prova em 2017, tem, por enquanto, apenas uma certeza. “A prova não vai morrer. Se se vai realizar nas matas é o que gostava de lhe responder. Vai depender de factores técnicos, dos timings e até da vontade política.”
Os pilotos da Marinha Grande querem acreditar que tudo será feito para que a prova não perca grande parte da mística. “O Rali Vidreiro sem os troços da mata perde a identidade. Sempre foi meu desejo que a prova se realizasse inteiramente na Mata Nacional. Só quem já teve a oportunidade de conduzir nestas estradas, em dia de prova, compreende a sensação. Imaginar a possibilidade de um rali sem qualquer passagem por aqueles míticos locais não faz sequer sentido para mim”, admite Rafael Cardeira.
“Os emblemáticos troços nas estradas do Pinhal do Rei são, sem dúvida, o ponto alto do Rali Vidreiro. Zonas espectáculo, como a curva da morte, o paredão, a volta dos sete ou volta dos onze, fazem parte de troços rápidos e desafiantes a nível técnico, onde várias curvas já foram baptizadas com o nome de pilotos locais e nacionais”, sublinha Gonçalo F
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