Desporto

Marcou um golo e, no minuto final, calçou as luvas para defender um penálti

14 ago 2025 10:43

Após a expulsão do guarda-redes, o Marinhense viu-se sem substituições e teve de meter um jogador de campo a defender uma grande penalidade

marcou-um-golo-e-no-minuto-final-calcou-as-luvas-para-defender-um-penalti
Dedé tornou-se o herói improvável deste jogo “inesquecível”
DR
Inês Gonçalves Mendes

Ainda agora arrancou a época e o Atlético Clube Marinhense já tem uma boa história para contar.

O momento insólito aconteceu no domingo passado, na jornada inaugural que opôs o GD Peniche aos alvinegros, na série C do Campeonato de Portugal.

O jogo mostrava-se bem encaminhado para os homens da cidade vidreira, que conseguiram colocar-se na frente do marcador após uma grande penalidade, assinalada aos 65 minutos e convertida por Dedé, mas nada fazia prever o que acabou por acontecer no último minuto de jogo.

O tempo de compensação foi atribulado. O árbitro mandou jogar mais 16 minutos após o período regulamentar e o enxurilho de cartões amarelos adensou-se.

O guarda-redes Ohoulo Framelin, que levou um amarelo aos 83 minutos, voltou a ser repreendido, por críticas à arbitragem, após a marcação de uma falta dentro de área, e o consequente cartão vermelho ditou a saída do jogador.

Sem substituições disponíveis para colocar em campo outro guarda-redes, o treinador Rui Sacramento não teve outra opção: mandou um jogador de campo para a baliza, e o escolhido foi mesmo Dedé, autor do único golo da partida.

“O mister perguntou-me se alguma vez tinha ido à baliza e eu respondi que, profissionalmente, não. Ele disse ‘Então, vais tu, e vais para o teu lado esquerdo porque ele vai rematar para o lado do pé mais confortável’”.

Vestiu a t-shirt amarela e, imbuído de coragem e confiança, seguindo à risca as orientações do treinador, enfrentou a grande penalidade do adversário. “Não estava confiante a 100%”, admite.

Mesmo com as probabilidades a jogar contra o emblema visitante, o jogador cabo-verdiano tornou-se o herói improvável daquela partida, ao defender o remate e garantir os três pontos para o Marinhense. “O estádio levantou-se mesmo, foi uma cena inesquecível”, acrescenta o atleta.

Na segunda temporada ao serviço do Marinhense, o avançado já passou pelo Moncarapachense e pelo Odiáxere. Jogar futebol profissional em Portugal sempre foi um sonho, aliás, “é o sonho de qualquer criança cabo-verdiana”.

Saiu de Cabo-Verde com 19 anos, após três anos de espera pelo visto para viajar, que chegou a ser negado três vezes.

Insistiu para cumprir o seu sonho e, actualmente com 23 anos, mostra-se satisfeito com a sua carreira e prestação no AC Marinhense.