Sociedade
Luís Pinto absolvido de todos os crimes de recurso à prostituição de menores
Tribunal de Leiria não fez prova que o ex-presidente do Académico de Leiria soubesse idade do ofendido
Luís Pinto, ex-presidente do Académico de Leiria, foi absolvido hoje dos 50 crimes de recurso à prostituição de menores e dois crimes de pornografia de menores, um dos quais tentado, de que estava acusado pelo Ministério Público de Leiria.
O colectivo de juíz decidiu, por unanimidade, que não se fez prova que o arguido conhecia tivesse conhecimento que o ofendido era menor e que este alguma vez lhe tenha indicado a sua verdadeira idade.
Na leitura do acórdão, o juiz presidente adiantou que ficou provado que o arguido e o ofendido se envolveram em actos sexuais, que o jovem se deslocava a casa do acusado e que os “encontros ocorreram com essas finalidades e contrapartidas” financeiras.
“O tribunal não deu como provado que o arguido sabia da idade do ofendido e o recurso a prostituição de maiores não é crime”, de acordo com a legislação portuguesa.
O juiz adiantou ainda que ficou provado que “para criar um perfil no ‘GRINDR’ é necessário ter 18 anos”.
Além disso, reforçou, “a irmã admitiu que o ofendido parecia ter mais idade daquela que tinha à data (16 anos)”.
Na leitura do acórdão, foi ainda referido que o ofendido disse ao colectivo de juízes, em audiência de julgamento, que tinha mentido nas declarações que proferiu à juíza de instrução criminal.
Face a isto, “a credibilidade do depoimento do ofendido ficou irremediavelmente comprometida”.
“Confrontando com a razão de ter dito completamente o oposto, o ofendido disse que foi devido a ‘más influências’, que lhe disseram que apresentando uma queixa, poderia ganhar uma indemnização. O que comprometeu ainda mais a credibilidade”, acrescentou o juiz.
O pedido de indemnização civil “não inferior a seis mil euros” ficou também sem efeito.
“Perante isto, não há crime. Não se provou que agisse dolosamente. Mas fica o alerta. O senhor deve ter cuidado no futuro para que isto não volte acontecer”, aconselhou o juiz presidente.
No despacho de acusação, lê-se que em data não determinada, “de Janeiro ou Fevereiro de 2019”, a alegada vítima, então com 16 anos, acedeu à plataforma informática “GRINDR”, destinada a conversas, contactos e encontros de natureza homossexual, na qual criou um perfil com uma fotografia sua e dizendo ter 18 anos.
O MP sustenta que o menor acabou por informar Luís Pinto da sua idade real, assim como das suas dificuldades económicas, o que não se veio a verificar.
Funcionário do Instituto Português do Desporto e Juventude, Luís Pinto, de 59 anos, foi também um dos fundadores do Académico de Leiria. É membro da Comissão Política Concelhia de Leiria do PS e pediu a suspensão do mandato na Assembleia Municipal de Leiria assim que foi pronunciado, revelou o próprio.