Sociedade

Guterres reúne "consistentemente mais apoio" na corrida à liderança da ONU

26 set 2016 00:00

O ex-primeiro-ministro português António Guterres ficou à frente na quinta votação secreta ocorrida hoje entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para eleger o próximo secretário-geral da organização.

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O Governo português destacou hoje que António Guterres “é consistentemente” o candidato a secretário-geral das Nações Unidas “com mais apoio”, merecendo “um reconhecimento genérico das suas qualidades”, após a vitória, hoje, na última votação da primeira fase.

“É claro que o engenheiro António Guterres é consistentemente o candidato que mais apoios tem obtido" e "é o candidato em relação ao qual o reconhecimento das suas qualidades é genérico. Esse facto consolida a candidatura do engenheiro António Guterres. Temos de aguardar tranquilamente pelas próprias fases deste processo”, disse hoje à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O ex-primeiro-ministro português António Guterres ficou à frente na quinta votação secreta ocorrida hoje entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para eleger o próximo secretário-geral da organização, disseram fontes diplomáticas à Lusa.

Guterres teve votos 12 votos "encoraja", dois "desencoraja" e um "sem opinião", precisamente o mesmo resultado da última votação, que ocorreu a 9 de Setembro.

A votação de hoje encerra o primeiro ciclo da eleição, já que na próxima votação, prevista para a primeira semana de Outubro, serão diferenciados, com boletins de cores diferentes, os votos dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, com poder de veto) e os restantes membros não permanentes do Conselho.

Santos Silva destacou que António Guterres alcançou “os melhores resultados” em todas as votações, quer de encorajamento (oscilou entre 11 e 12 votos), quer quanto aos de desencorajamento (entre dois e três votos).

“A candidatura do engenheiro Guterres foi-se consolidando ao longo das sucessivas votações e, terminado este ciclo, o balanço que é possível fazer é que é uma candidatura generalizadamente reconhecida como a candidatura de alguém que está em excelentes condições para ser secretário-geral das Nações Unidas”, considerou o chefe da diplomacia portuguesa.

O ministro referiu que “o processo de reflexão vai prosseguir” e “há vários candidatos com qualidades”, reiterando que “a candidatura não é contra ninguém”.

“Temos que dar tempo ao Conselho de Segurança para chegar a um consenso sobre a pessoa que há de propor à Assembleia Geral como próximo secretário-geral das Nações Unidas”, afirmou Santos Silva.

Questionado sobre se a candidatura de António Guterres conhece quais são os países que têm votado “desencoraja” e qual é a estratégia para alterar esta posição, o governante respondeu apenas que a votação é secreta, escusando-se a tecer mais comentários.

Santos Silva destacou que a candidatura do antigo alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados se caracteriza por ser “muito sóbria, apostando tudo nas qualidades sobejamente conhecidas” de Guterres, além de ser “independente; não se dirige contra ninguém, não tem nenhum adversário”.

Por outro lado, é uma candidatura que se dirige a todos: “A todos dizemos, sejam membros ou não do Conselho de Segurança, que entendemos que o engenheiro António Guterres é a pessoa com melhores condições para ser secretário-geral das Nações Unidas”, disse o ministro.

O ministro salientou ainda que “uma das forças” da candidatura portuguesa é “o apoio unânime” que tem no país: “É muito importante para a candidatura que todos os órgãos de soberania estejam unidos na sua defesa e na sua promoção e que as forças políticas portuguesas estejam também unidas no apoio ao nosso candidato”, destacou.

Além disso, “têm havido muitos contactos” a todos os níveis, envolvendo desde o Presidente da República ao primeiro-ministro, passando pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ou embaixadores. “Toda a diplomacia portuguesa está mobilizada”, garantiu.

Questionado sobre a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que na semana passada, em Nova Iorque, disse que uma crise internacional que surja de repente nalgum ponto do globo pode perturbar a escolha do novo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), alterando o quadro atual, Santos Silva afirmou ter “a mesma preocupação”.

“Temos todos consciência de que este é um processo em curso. Hoje, que terminou o ciclo das votações indicativas sem diferenciação dos boletins de voto, podemos dizer que neste ciclo, é a candidatura do engenheiro António Guterres a que tem merecido mais apoios, consistentemente, consolidadamente, ao longo do processo. Agora vamos aguardar as outras fases do processo”, referiu.

Agência Lusa