Economia

Fórum de Líderes Empresariais debateu competitividade, sucessão e valorização das empresas

24 out 2025 17:00

“Valorizar Hoje, Preparar o Amanhã” esteve em destaque em Leiria

forum-de-lideres-empresariais-debateu-competitividade-sucessao-e-valorizacao-das-empresas
Encontro decorreu na Nerlei CCI
Foto: JSD

A Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei CCI) acolheu, na passada quarta-feira, o Fórum de Líderes Empresariais, sob o tema “Valorizar Hoje, Preparar o Amanhã”.

O encontro reuniu empresários, gestores e especialistas num espaço de partilha e debate sobre estratégias para fortalecer as empresas e garantir a sua continuidade e valorização no futuro.

O evento abriu com o painel “Acelerar o Negócio – Tornar a empresa mais forte e competitiva”, moderado por Henrique Carvalho, director-executivo da Nerlei CCI.

João Costa, do ERA Group, destacou formas de reduzir custos com impacto directo no valor do negócio, enquanto Paulo Morgado, da Bridgewhat, apresentou conselhos para acelerar o crescimento empresarial.

Já Jorge Santos, da Dutom, centrou a sua intervenção na maximização do valor das empresas, reforçando a importância da gestão estratégica e eficiente dos recursos.

Na segunda parte do fórum, o debate centrou-se em “Preparar a Sucessão ou Venda – Valor com continuidade”, com moderação de Helena Silva, pivot da CRInove (CCDRC).

O painel contou com as participações de Luís Oliveira (PwC), Carlos Nogueira (Europartners) e Pedro Seabra (Nascente Value Accelerator).

Um longo caminho para a sucessão

Luís Oliveira abordou o processo de sucessão em empresas familiares, sublinhando a necessidade de planeamento para evitar conflitos e perda de valor. Explicou o modelo dos três círculos – família, património e empresa – e descreveu as fases geracionais, da fundação à parceria de primos, destacando a crescente complexidade.

O orador defendeu regras claras de governança, uma política de dividendos transparente e o envolvimento precoce da próxima geração, mesmo quando esta não pretende assumir a gestão.

Referiu ainda a importância de protocolos familiares e de mecanismos legais que assegurem a continuidade da empresa, bem como a possibilidade de recorrer a capital externo, como o private equity, ainda pouco explorado em Portugal, pedindo cautelas redobradas para não se cair na esfera dos "fundos abutres".

Por seu turno, Carlos Nogueira centrou a sua intervenção nas fusões e aquisições, salientando que o crescimento empresarial pode ocorrer de forma orgânica, através de operações de M&A ou com o apoio de fundos de investimento.

O especialista defendeu que, antes de vender, é essencial “arrumar a casa”, garantindo transparência contabilística e fiscal, um sistema de gestão eficaz e uma estrutura de governança sólida.

Explicou as principais etapas de uma operação de venda, desde a assinatura de um acordo de confidencialidade (NDA) até ao contrato final (SPA), e destacou a relevância de mecanismos contratuais como earn-outs e garantias.

Sublinhou ainda que o processo pode estender-se por meses ou anos, dependendo da preparação e maturidade da empresa.


Avaliar o negócio antes de negociar


Por sua vez, Pedro Seabra abordou a avaliação de empresas, defendendo que conhecer o valor do negócio é essencial para decisões estratégicas de investimento, financiamento, sucessão ou abertura de capital.

Este especialista apresentou o método do desconto de fluxos de caixa (DCF) como o mais fiel à realidade, embora com limitações que exigem revisões periódicas e análises de cenário.

Desmontou alguns mitos comuns, como a ideia de que o valor do negócio depende apenas de múltiplos de mercado ou de activos físicos, e destacou que o verdadeiro valor está na capacidade de geração de fluxo financeiro.

Entre os factores que aumentam o valor das empresas, apontou planos de crescimento consistentes, utilização eficiente da capacidade instalada, métricas de desempenho, inovação documentada e boas práticas de governança.

Referiu ainda casos em que a entrada de capital minoritário, aliada a uma estrutura de gestão reforçada, pode impulsionar a expansão sem comprometer o controlo do fundador.

O encontro terminou com uma intervenção de José Gonçalves, responsável de Marketing do Novo Banco, entidade parceira da iniciativa.

O representante deixou uma mensagem de apoio ao tecido empresarial da região, disponibilizando o apoio da instituição que representa e destacando a dinâmica e o potencial económico de Leiria.

Dirigindo-se ainda aos empresários presentes na sala e a todo o tecido empresarial da região, sublinhou que este é um território com boas firmas e terreno fértil para negócios e ideias promissoras.

Aliás, em Leiria, os números mostram que há muitas empresas com falta de mão-de-obra “para tanto emprego que criam na região”.