Economia

Extracção de resina em Portugal rende 8,3 milhões de euros

20 set 2018 00:00

Em 2017 foram extraídas oito mil toneladas de resina, pagas a um preço médio de 1,04 euros o quilo à entrada da fábrica. Ou seja, a produção rendeu 8,3 milhões de euros, aponta o ICNF

extraccao-de-resina-em-portugal-rende-83-milhoes-de-euros-9253
Raquel de Sousa Silva

“Contribui para a criação de postos de trabalho e fixação de mão-de-obra, permite o fomento da indústria resineira e pode contribuir para o desenvolvimento regional e económico”.

Segundo uma nota informativa do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), no ano passado a produção nacional de resina rondou as oito mil toneladas, o que corresponde a 8,3 milhões de euros, já que o preço médio pago à entrada da fábrica foi de 1,04 euros por quilo.

A título comparativo, refira-se que em 2012 o preço médio foi de um euro, quando em 2009 tinha sido de 70 cêntimos e em 2004 de apenas 40 cêntimos.

Em Portugal, a extracção de resina viveu tempos áureos nas décadas de 1970/80 (a produção rondava então as 100 mil toneladas e o País chegou a ser um dos maiores exportadores), depois decaiu, mas nos últimos anos várias entidades têm vindo a alertar para a importância da actividade e a tentar alargar as áreas para resinar.

“Sendo compatível com os objectivos de produção lenhosa, a resinagem permite ao produtor florestal obter dos seus pinhais rendimentos intermédios anuais, constituindo uma outra forma de os valorizar e aproveitar economicamente, criando à partida condições que favorecem uma gestão activa da floresta”, frisa o ICNF.

Por outro lado, a resinagem “contribui para a defesa da floresta contra incêndios, tanto pelo aumento da vigilância associada à permanência dos resineiros nas matas ao longo de todo o ano, como pela redução da quantidade de materiais combustíveis nas matas, resultante da limpeza que é necessário efectuar para realizar os trabalhos e operações nas devidas condições. Assim, o risco potencial pela existência de árvores resinadas é mitigado pelos benefícios referidos”.

Aspectos que Hilário Costa também destaca. “A actividade coloca pessoas na floresta, o que faz com que esteja mais vigiada. Também está mais limpa, porque para resinar não pode haver muito mato”, explica o presidente da Resipinus, associação criada em Leiria em 2013, e que pretende “ser a voz dos produtores e destiladores nacionais e trabalhar em prol da defesa, promoção e futuro da resinagem”.

A Resipinus promove hoje em Leiria (ver caixa) um seminário internacional, para alertar para a importância da resina e para as suas potencialidades. “Extraindo resina, um produto natural, trava-se o crescimento do usa da resina sintética, fabricada com base em produtos não amigos do ambiente”, explica Hilário Costa.

Miguel Freitas, secretário de Estado das Florestas, é uma das presenças esperadas no evento. “Não é por acaso”. A Resipinus quer que o Governo disponibilize mais pinhais públicos para resinar.

“O Estado tem 10% da floresta portuguesa. Há muitas áreas que não estão a ser resinadas e podiam estar. A associação tem alertado o ICNF e outras entidades para que tal aconteça”.

Trabalho que tem dado resultados, mas não ainda os que os resineiros pretendem. “Tem sido permitida a resinagem à morte, ou seja, de forma intensiva num período de quatro anos antes do abate do pinhal”.

O ideal, frisa o dirigente e empresário, seria a resinagem em vida, que pode ser feita durante pelo menos 16 anos. “Garante continuidade na actividade e é mais rentável”.

Leiria é o distrito com mais operadores

As oito mil toneladas de resina extraída dos pinhais nacionais não chegam “nem de perto nem de longe” para as necessidades das empresas transformadoras existentes em Portugal (cerca de uma dúzia, considerando as de primeira e as de segunda transformação, a maioria delas no distrito de Leiria), diz Hilário Costa.

Aquela quantidade assegura apenas cerca de 10% das necessidades. O resto é importado, sobretudo do Brasil.

O alargamento da resinagem a pinhais que não estão a ser resinados tornou-se mais importante ainda depois de os incêndios do ano passado terem perto de um milhão de bicas, o que corresponde a cerca de 25% do total das existentes, destruído 2500 toneladas de resina e causado prejuízos de pelo menos três milhões de euros, segundo as contas da Resipinus, associação que reúne destiladores e exploradores de resina.

Leonel Bento, de Porto de Mós, resineiro há 30 anos, foi um dos empresários afectados. Das mais de 80 mil bicas que tinha, perdeu 50 mil nos incêndios. Juntando os materiais que também perdeu, os prejuízos ascendem a 130 mil euros.

Entretanto, conseguiu arranjar novos pinhais para resinar e agora tem cerca de 90 mil bicas. Emprega as mesmas oito pessoas que ocupava antes.

Mas Hilário Costa diz que nem todos os resineiros conseguiram obter novos pinhais para resinar, pelo que muitos reduziram a actividade, o que levou a uma diminuição do emprego nesta área. “Estamos também a tentar sensibilizar os proprietários privados a entregarem os seus pinhais à resinagem”.

De acordo com o ICNF, estão registados no SiResin (Sistema de Informação de Resina, que entrou em funcionamento em Abril de 2016) 218 operadores de resina, que podem exercer uma ou mais das actividades abrangidas pelo diploma legal que regula esta área (extracção, transporte, armazenamento, primeira transformação, importação e exportação).

Desde Novembro daquele ano, registaram-se 48 novos operadores, um aument

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ