Saúde
Equipa de pedopsiquiatria de Leiria já efectuou mais de 100 consultas na comunidade
Equipa Comunitária de Saúde Mental para a Infância e Adolescência da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria está em funcionamento desde Outubro
A funcionar desde Outubro, a Equipa Comunitária de Saúde Mental para a Infância e Adolescência da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) já realizou 121 consultas médicas, acompanhando 75 crianças e jovens.
Em cerca de quatro meses, foram também efectuadas 122 consultas sob a responsabilidade da enfermeira de saúde mental a 60 utentes e registaram-se 194 atendimentos a 65 crianças e jovens pelos psicólogos.
Com o objectivo de aproximar a resposta de cuidados especializados na área da saúde mental, a Equipa Comunitária de Saúde Mental para a Infância e Adolescência está a realizar atendimentos e consultadoria junto dos médicos dos cuidados de saúde primários, comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ) ou escolas, nos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Nazaré e Porto de Mós.
“Estas equipas comunitárias têm um limite de população para actuar, pelo que escolhemos os concelhos tendo em conta a distância ao hospital, a psicopatologia nessa região - se é grave ou não - e os recursos que os concelhos possuem”, explica Graça Milheiro.
Constituída por um pedopsiquiatra, dois psicólogos, um terapeuta ocupacional, um assistente social e um enfermeiro de saúde mental, a coordenadora desta equipa e directora do serviço de pedopsiquiatria da ULSRL adianta que esta equipa pretende capacitar técnicos e profissionais de saúde a lidar com casos como problemas de comportamento, perturbações de ansiedade, comportamentos auto lesivos ou disforia de género.
“A ideia é capacitar os colegas de Medicina Geral Familiar para poderem orientar e intervir nos casos menos graves, com a nossa supervisão”, assumiu, evitando-se assim a ida de jovens para o serviço de pedopsiquiatria, que está com “uma lista de espera brutal”.
Graça Milheiro destaca que o projecto visa retirar ao máximo utentes do hospital, dando-lhe todas as respostas de que necessitam na comunidade e de uma forma mais célere. "O próprio médico de família pode medicar algumas situações. Ou seja, vão para o hospital os casos realmente graves. E na nossa área também não há assim tantos casos graves”, frisa a especialista.
Nas reuniões com os psicólogos escolares e técnicos das CPCJ, o trabalho é também de partilha e discussão de casos, para que possam ser definidas estratégias. "Os sintomas que a criança ou jovem apresentam estão muito relacionados com o meio que frequentam e o seu contexto social familiar e escolar. Obviamente que a intervenção farmacológica é necessária em algumas situações, mas se o meio não mudar, a intervenção não altera nada. Isso é importante mesmo com problemas de comportamento. A equipa comunitária dá estratégias aos próprios professores para lidar com os jovens, que não são todos iguais, e também temos o treino parental”,reforça.
Este é o "esqueleto do projecto", adiantou Graça Milheiro, ao garantir que a equipa vai ao “encontro das necessidades de cada concelho, que são diferentes”.
A equipa está também disponível para orientar acções de formação na comunidade, abordando temas como o uso dos ecrãs ou a ansiedade. "Podemos fazer algumas intervenções também com pais, filhos, professores, funcionários. Um dos objetivos da equipa comunitária passa também pela promoção e prevenção da saúde mental”, exemplifica.