Viver

Entre o gosto pela política e a paixão pelo teatro

11 mai 2016 00:00

Francisco Duarte, ex-presidente da Junta de Freguesia da Marinha Grande

(Fotografia: Daniela Rino)
(Fotografia: DR)
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Daniela Franco Sousa

Os mais jovens poderão conhecê-lo apenas como o autarca que durante 16 anos liderou os destinos da Junta de Freguesia da Marinha Grande. Mas Francisco Duarte é também um nome incontornável no associativismo e na actividade cultural do concelho. Só ao teatro na colectividade da Ordem, a Sociedade Beneficência e Recreio 1.º de Janeiro, o ilustre marinhense dedicou três décadas da sua vida.

Em 1937, quando Francisco Duarte nasceu, no lugar das Cruzes, já os seus pais tinham duas filhas. E a vida não era propriamente fácil para esta família. Francisco tinha 10 anos quando começou a trabalhar. O serviço era na taberna, onde a jornada começava às duas da tarde e se prolongava até à meia-noite. Filho de um oficial vidreiro, com 12 anos de idade Francisco acaba por ir parar a uma fábrica de vidro.

Era a arte que mais gostava, confessa o ex-autarca, mas que, por imposição médica, foi proibido de exercer. É por essa razão que, aos 14 anos, Francisco Duarte se inicia nos moldes, sector onde viria a trabalhar ao longo de 38 anos, tornando-se cinzelador de primeira. Ingressou primeiro na Aníbal H. Abrantes. A fábrica era conhecida como universidade, recorda Francisco Duarte.

“O que é hoje feito com perfeição de primeira ordem, com máquinas altamente sofisticadas, era feito de forma completamente artesanal. Era necessário ter muito mais arte para se ser metalúrgico no que diz respeito ao trabalho de bancada.” Depois de uma década de trabalho na Aníbal H. Abrantes, Francisco trabalhou ainda mais 10 anos na Ilí- dio Maria da Silva e mais 18 na MoldeMatos. Foi durante os tempos da Aníbal H. Abrantes, por volta dos seus 17 anos, que despertou para a política.

Não num sentido organizado contra o regime, mas na perspectiva de que tinha de agir para modificar a vida das pessoas. “Vivia-se extremamente mal”, recorda Francisco Duarte que se lembra de ter tido os primeiros sapatos aos 13 anos. A sua primeira actividade política foi a distribuição de jornais Avante!, entusiasmado por um senhor que trabalhava na fábrica.

Desde então, o seu interesse pelo que o rodeava não deixou de crescer. Casou aos 22 anos, teve uma filha e depois um rapaz. Estava na casa dos 30 anos quando se deu o 25 de Abril, data que viveu com uma “alegria extraordinária”, com a expectativa de que as coisas iriam ser totalmente diferentes. “Por essa altura já estava integrado nalguns movimentos e reuniões clandestinas que se faziam na tentativa da sociedade mudar.”

Tornou-se militante do PCP logo em 1974. Diz nunca ter tido problemas com a polícia política. Apenas peças de teatro censuradas. “Tive o 'prazer' de estar em palco com a PIDE a assistir na primeira fila. Para se certificar de que a peça tinha sido mesmo cortada”, conta Francisco Duarte que também se lembra de eventos culturais na mata sempre rodeados por membros da PIDE. Apesar de tudo, salienta, alguns membros da PIDE tinham grande respeito pelo Dr. Vareda que nessa altura presidia a associação das colectividades. ...

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