Saúde

Enfermeiros dos centros hospitalares de Leiria e do Oeste lideram pedidos de escusa

18 ago 2022 15:00

"Por cada doente a mais a cargo de um enfermeiro a mortalidade sobe 7% nos hospitais"

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Ordem dos Enfermeiros apresentou hoje relatório
Ricardo Graça/Arquivo

Desde o início do ano, a Ordem dos Enfermeiros (OE) já recebeu 6.541 pedidos de escusa de responsabilidade, mais 974 face a Junho (5.567), quando divulgou os últimos dados.

Os números revelados hoje mostram que as declarações de escusa de responsabilidade quintuplicaram desde novembro de 2021, altura em que tinham sido entregues 1.300 declarações.

“Só na zona Centro, os pedidos de escusa ascendem a 4.500, sobretudo, devido às situações que se vivem em Leiria e nas Caldas da Rainha”, sublinha aquele organismo.

A maioria corresponde a profissionais do Centro Hospitalar de Leiria (3.484), do Centro Hospitalar do Oeste (561) e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (338).

A região Sul, com um total de 1.726 declarações de escusa, é a segunda zona do país mais afectada, com o hospital do Algarve a encabeçar o número (197), seguido do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra o Hospital Santa Maria (195) e o Hospital Pulido Valente.

O Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) e o Hospital de Setúbal também têm “um grande número de escusas apresentadas por enfermeiros”, com 174 e 137, respetivamente.

Na região Norte, 132 profissionais apresentaram esta declaração, a maioria no Hospital Santa Maria Maior (47), em Barcelos, no Hospital São João (33), no Porto, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (21) e no Hospital de Braga (19).

Nos Açores, 128 enfermeiros recorreram a esta declaração, enquanto na Madeira foram 37.

Em Janeiro de 2021, em plena crise pandémica, a OE disponibilizou esta declaração para acautelar eventuais ações disciplinares, civis ou mesmo criminais dos doentes a seu cargo.

Citando estudos internacionais, a ordem refere que “por cada doente a mais a cargo de um enfermeiro a mortalidade sobe 7% nos hospitais”.

“Em causa está a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de enfermeiros, o que leva ao incumprimento das dotações seguras, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados”, refere a OE.