Sociedade
É idoso? Não saia de casa! Eles vão por si
Voluntários e autarquias mobilizam-se na região para apoiar os mais idosos.
As crises, como aquela que estamos a viver com a pandemia do Covid-19, têm também o condão de mostrar o melhor do ser humano. Com o País a parar e com o reforço dos apelos para que as pessoas não saiam de casa, um pouco por toda a região há voluntários e autarquias a organizarem-se para apoiar os mais idosos. Idas à farmácia e às compras, para a aquisição de bens essenciais, ou passear animais de estimação são alguns dos serviços prestados.
Na União de Freguesias de Monte Redondo e Carreira, Leiria, a linha de apoio ao idoso (934 478 665) começou a funcionar esta segunda-feira e logo no primeiro dia houve um serviço: uma senhora idosa solicitou ajuda para entregar o pedido de receituário na unidade de saúde. “Deixou-se o papel na caixa de correio do centro de saúde. Quando a receita estiver pronta, passaremos a levantar e iremos à farmácia”, conta a presidente da Junta, Céline Gaspar.
Do outro lado da linha, está uma aluna estagiária em enfermagem, que encaminha depois os pedidos. O objectivo, explica Céline Gaspar, é criar “uma ponte” entre quem precisa, sobretudo os idosos que vivem sozinhos, e o centro de saúde e a farmácia, assegurando também a entrega de bens essenciais. O serviço será feito por “uma ou mais pessoas devidamente protegidas”. A Junta está também em conversações com uma psicóloga para criar uma linha de apoio, pensada especialmente nos pais que têm de ficar em casa com os filhos.
O caso Monte Redondo e Carreira não é único. As Junta de Meirinhas (Pombal), Salir do Porto e Tornada (Caldas da Rainha) e Bidoeira (Leiria) são outros exemplos de autarquias que também já disponibilizaram serviços de entregas de medicamentos e de alimentos aos fregueses mais idosos.
Mas não são apenas as entidades públicas a organizarem-se para prestar apoio aos idosos. A sociedade civil também está a responder ao desafio. A ***Asterisco, associação de Leiria, lançou, através das redes sociais, a iniciativa Boa Vizinhança em quarentena. Raul Testa, presidente da Direcção, explica como funciona: Disponibiliza-se um formulário, para quem pode ajudar preencher e distribuir pelos vizinhos, onde estes podem assinalar o serviço de que precisam, como ir ao supermercado comprar produtos “urgentes”, à farmácia, ao correio ou passear o cão. “É uma forma de nos organizarmos em comunidade e de proteger aqueles que são mais vulneráveis”, refere.
Foi também a consciência de que, neste momento de crise, “ninguém deve ficar sozinho nem correr riscos desnecessários” que levou a Passo Cubano Escola de Dança, em Leiria, a mobilizar os seus colaboradores para ajudar pessoas com mais de 65 anos, com necessidades especiais e/ou complicações de saúde, através da execução de tarefas essenciais, como compras de bens de primeira necessidade.
“Também temos avós e pais que não queremos que, nesta altura, saiam de suas casas. Só estamos a fazer o mesmo por quem não tem esse apoio”, diz Mariana Gabriel, sub-directora da escola assegura que os serviços são prestados com a adopção de medidas de segurança.
A Paróquia da Sé de Leiria, através do seu serviço de voluntariado, irá também dar apoio “aos que estiverem mais sós, através+és de contactos telefónicos regulares” ou da prestação de serviços externos, como compras ou ida à farmácias.
Em Caldas da Rainha, foi criado um grupo de moradores via Whatsapp que já reúne mais de 100 pessoas. Neste caso, o “objectivo é que os mais jovens escrevam um bilhete a disponibilizar-se para ajudar os mais idosos e o colem na porta do seu prédio”, noticia a Gazeta das Caldas.
Nós Vamos por Si é o nome da iniciativa do Espaço Ò - Associação para o Desenvolvimento Comunitário do Concelho de Óbidos, através da qual a instituição, formada maioritariamente por jovens, se disponibiliza para fazer as compras aos idosos, entregando-as em suas casas.