Sociedade
Cordão humano no Orfeão de Leiria pelo ensino artístico
Pais e alunos do Orfeão de Leiria fizeram esta quarta-feira um cordão humano na sede deste conservatório de artes em defesa do ensino artístico e contra os cortes no financiamento que excluíram 110 alunos desta instituição.
“São 110 alunos de Música e Dança que estão a ser excluídos, que já tinham comprado instrumentos, que fizeram provas de seriação e foram admitidos”, afirmou à agência Lusa a presidente da associação de pais do Orfeão de Leiria, Irene Primitivo.
A responsável considerou que o reforço de verbas para o ensino artístico, anunciado esta semana pelo ministro da Educação e Ciência, “não chega para dar resposta aos cortes que foram estabelecidos”.
Maria do Carmo, mãe de Manuel, de 10 anos, matriculado no 5.º ano da escola José Saraiva, em Leiria, afirmou desconhecer ainda se o filho vai ser contemplado com financiamento para ficar no ensino articulado.
“Se não ficar, também não podemos pagar a propina porque a legislação não o permite”, declarou Maria do Carmo, lamentando a possibilidade de o filho ficar de fora do ensino artístico quando as duas outras filhas tenham feito o 5.º grau.
Segundo a encarregada de educação, Manuel “já esteve na iniciação de piano e, agora, era a continuidade”.
Já o pai de Manuel, António Pedro, considerou que esta situação “defrauda as expectativas do filho”.
“Está a privá-lo de uma formação, em artes, que consideramos essencial para o seu desenvolvimento integral”, defendeu o encarregado de educação no protesto, que juntou cerca de 300 pessoas e foi acompanhado por música.
A professora Maria Gabriela Reis adiantou que tem oito alunos com a mesma situação do Manuel no ensino regular. “Estes meninos estão integrados em turmas já feitas, já com aulas, com horário articulado com o ensino artístico e não sabem neste momento se a diretora de turma vai ser a mesma, os colegas vão ser os mesmos, os professores vão ser os mesmos”, observou.
Para a docente da escola José Saraiva, “isto não se faz”, sobretudo quando as escolas começam a preparar o ano lectivo em junho.
Há duas semanas, o presidente do Orfeão de Leiria revelou que a instituição vai ter menos 150 mil euros e menos 110 alunos no próximo ano letivo, caso se confirme a proposta do Ministério da Educação no âmbito do contrato de patrocínio.
Na semana passada, a Câmara de Leiria aprovou uma moção a contestar as medidas de “restrição financeira” para o ensino articulado, referindo que a situação traduz-se na “exclusão de 132 alunos já matriculados nesta via de ensino artístico” no Orfeão de Leiria – Conservatório de Artes e na SAMP – Sociedade Artística Musical dos Pousos.
Na segunda-feira, o ministro da Educação, Nuno Crato, que rejeitara existir um desinvestimento no ensino artístico, ao qual foram alocados 55 milhões de euros, o mesmo valor do ano passado, anunciou a disponibilização de um montante adicional de quatro milhões de euros para corrigir a perda de verbas em algumas regiões.
Nuno Crato explicou que a atribuição desta verba vai ser ainda alvo de análise com as associações representativas do setor, nomeadamente a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo e a Ensemble.