Sociedade

Consulta pública do projecto da alta velocidade recebeu 920 participações

22 mar 2025 11:33

Processo de consulta do troço Soure-Carregado, que afecta vários concelhos do distrito, terminou esta sexta-feira

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A consulta pública do projecto da linha de alta velocidade (LAV) entre Soure e Carregado, que atravessa o distrito de Leiria, que terminou esta sexta-feira recebeu 920 participações.

Uma das últimas entidades a entregar o parecer foi o Município de Alcobaça, que emitiu uma posição desfavorável em relação ao estudo de impacto ambiental (EIA) da futura linha de alta velocidade (LAV) Lisboa–Porto, por implicar a demolição de cerca de 40 casas no concelho.

“Este projecto é de interesse nacional, mas tem impactos negativos para o concelho”, afirmou o presidente do município, Hermínio Rodrigues, numa sessão pública de esclarecimento sobre a passagem da Linha Ferroviária de Alta Velocidade no concelho realizada na quinta-feira. Citado pela agência Lusa, o autarca disse considerar que, entre os dois traçados propostos (o A e o B), “o B é mais favorável”, mas ainda assim, a autarquia vai pronunciar-se desfavoravelmente porque “estão em risco de demolição 41 casas”.

Também o Município de Porto de Mós deu parecer desfavorável aos dois traçados propostos, tendo apresentado uma alternativa que conjuga as duas opções em estudo.

Já a Câmara de Leiria deu um parecer favorável condicionado à avaliação de impacto ambiental. No documento, discutido na terça-feira, em reunião de câmara, o município considera que o EIA tem insuficiências, porque “vocaciona-se muito para a infra-estrutura da LAV e reflecte pouco sobre os efeitos da localização da estação LAV no território da região de Leiria, nomeadamente os efeitos económicos e sociais do seu potencial transformador”.

O troço Soure-Carregado, que contempla uma estação em Leiria a construir na Barosa, atravessa os concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Marinha Grande, Pombal, Porto de Mós, Rio Maior, Azambuja, Alenquer e Cadaval.

O estudo prévio, encomendado pela Infraestruturas de Portugal (IP), aponta para um um investimento na ordem de dois mil milhões de euros, prevendo-se que o lançamento do concurso para a obra aconteça no primeiro semestre de 2026.

Em estudo estão duas soluções para o troço Soure-Carregado: A e B. A primeira com 116 quilómetros e a segunda pouco mais de 117 quilómetros, sendo esta última apontada como a “mais favorável”, tendo em conta critérios como uso do solo, património, recursos hídricos e subterrâneos, ruído, vibrações, património e componente social.

Apenas no trecho Bidoeira-Pombal é apontada como menos impactante a opção A. Ao nível, por exemplo, dos impactos sociais e de ordenamento do território, há diferenças significativas. Segundo o estudo, o traçado B, mais a poente, afectará 76 habitações (ver texto principal), 26 empresas e dez “ocorrências patrimoniais”. Já a opção A, terá impactos em 120 casas, 90 empresas, quatro equipamentos sociais e 19 sítios patrimoniais.

Segundo o estudo de impacto ambiental, prevêem-se 52 passagens de comboio (tráfego diário nos dois sentidos)” entre Lisboa e Porto.

Desses, 17 serão directos, sem paragem. Estão previstas estações em Aveiro, Coimbra e Leiria A linha de alta velocidade Porto-Lisboa será em via dupla electrificada, vai permitir uma velocidade máxima de 300 quilómetros/hora e destina-se exclusivamente a tráfego de passageiros.