Sociedade
Comunidades preservam história e cultura associada ao mar
Centro Interpretativo de Arte Xávega e Cultura Avieira (Praia da Vieira) e “museu” ao ar livre (Nazaré) celebram tradição ligada ao mar
Chama-se A Maior Onda de Portugal – da Nazaré ao Interior e é um projecto promovido pela Associação Nazaré Marés de Maio, que conta com a parceria da Direcção- Geral da Educação – Direcção de Serviços de Projectos Educativos e da Direcção-Geral de Política do Mar, e que será publicamente apresentado a 16 de Novembro.
Através de palestras, acções de limpeza e recolha de lixo, sessões de cinema, eventos sobre literacia, auscultação à população, sessões de artes e partilha de pesquisas científicas, o projecto visa desenvolver não só conhecimento da cultura e da história, mas também do valor, da sustentabilidade, da ciência, da geografia associada ao mar/água.
O projecto será apresentado no Teatro Chaby Pinheiro, no Sítio da Nazaré, dia 16 de Novembro (Dia Nacional do Mar), entre as 15 e as 17 horas. A efeméride será também assinalada com uma conferência sobre A importância do Mar na Vida das Pessoas, a decorrer no mesmo local, entre as 14:30 e as 18 horas.
Aliar a tradição e o presente acontece também no concelho da Marinha Grande. A criação do Centro Interpretativo de Arte Xávega e Cultura Avieira, inaugurado este ano, é “um tributo à identidade cultural da nossa região, especialmente da Freguesia de Vieira de Leiria, ao preservar, valorizar e promover a riquíssima arte xávega e a cultura avieira. É a materialização de uma memória colectiva única”, salientava Aurélio Ferreira, presidente do município, quando da inauguração deste espaço expositivo, que serve também de apoio à arte xávega, com pavilhões usados pelas companhas.
A Câmara da Marinha Grande quer criar também uma Estação Náutica no concelho e afirmar a Praia da Vieira como Capital do Iodo. A candidatura conjunta destes “projectos âncora” a fundos europeus do Programa Mar 2030, integra-se na estratégia da Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura (ADAE) para este território.
O Município de Leiria realça também a importância da arte xávega no seu concelho. “Hoje, na Praia do Pedrógão, a arte xávega, mais do que o ganha-pão dos pescadores, é uma atracção turística que junta veraneantes curiosos em redor das redes”.
Atracção turística, na Nazaré, são também as suas embarcações, ícones representativos da identidade e da sua história associada ao mar, algumas das quais expostas no “museu” ao ar livre, instaladas no areal, desde 2015, próximo do Centro Cultural da Nazaré.
No concelho de Alcobaça, para preservar a memória e manter a tradição de arte xávega em São Martinho do Porto, também José Louro da Costa, aposentado da TAP, tem vindo a recuperar, com as suas próprias mãos, a típica xavasca. Trata-se de uma pequena embarcação feita de madeira, que já foi icónica em São Martinho do Porto, mas que desapareceu por completo da baía.
“Estes pequenos barcos, leves, de forma arredondada à poupa e à proa, eram usados na arte xávega, e possuam tais características para navegar naquelas águas de fundo raso”, recorda o artesão, que se lançou neste desafio a título particular.