Sociedade

Canis municipais não chegam para as necessidades

28 set 2017 00:00

Cumprem as condições mínimas de bem-estar animal, mas falta-lhes espaço para melhores cuidados de saúde e a lotação não chega para as necessidades.

Fotografias: Ricardo Graça

Uns foram entregues por particulares, outros chegam pelas mãos dos serviços municipais e das forças policiais e alguns são atirados para dentro das instalações do canil, como se de um simples saco se tratasse.

Cada cão e gato que ocupa os Centros de Recolha Oficial (CRO) municipal tem uma história. Nenhuma delas é simpática. Os veterinários responsáveis pelos espaços fazem o melhor que podem com as ferramentas que têm, mas as condições de trabalho não são as ideais para oferecer o melhor tratamento médico àquele que é considerado o melhor amigo do homem.

“Isto não é uma clínica”, alertam os veterinários dos CRO de Leiria e Marinha Grande. São os médicos que se responsabilizam por estes espaços, que consideram não ser a solução ideal para os animais, assim como a esterilização obrigatória de todos os animais que saem do canil adoptados. O JORNAL DE LEIRIA foi conhecer a realidade de Leiria e Marinha Grande.

Com menos de um ano, o CRO da Marinha Grande alberga 52 canídeos e sete gatos. Uma lotação acima do ideal. Cláudia Barrela, veterinária, afirma que os animais que preencheram as vagas iniciais eram os que se encontravam em piores condições no anterior canil e outros ficaram a cargo da Associação Protectora dos Animais da Marinha Grande, porque “infelizmente não houve espaço para todos”.

“Todos os dias aparecem cães na rua e rapidamente ficámos lotados. Teremos de aumentar o espaço, mas essa não é a solução”, afirma a médica, apontando o dedo aos donos dos animais que devem ser responsabilizados, pois “sempre que acontece um imprevisto, as pessoas querem deixar os cães nos canis”.

“Quanto mais espaço tivermos, mais animais teremos. A adopção não dá resposta aos abandonos, que são diários”, adianta Cláudia Barrela, alertando que os cães “também sofrem”, o que se manifesta pela perda de apetite e reacções de medo.

Todos têm um nome e todos têm uma história: desde aquele que estava amarrado a uma árvore, ao que foi maltratado ou ao que foi deixado à beira da estrada. No seu olhar está a tristeza de quem foi rejeitado por aquele que o deveria proteger e uma necessidade enorme de carinho e atenção.

No canil da Marinha Grande só é possível prestar os cuidados primários de saúde aos animais. Uma perna partida ou um tumor não podem ser tratados pelo veterinário municipal no canil, “pois não existem quaisquer materiais, meios de diagnóstico ou sala para cirurgia e de recobro”.

“Nunca foi uma exigência legal as câmaras municipais terem de cumprir com esses requisitos estruturais e funcionais”, refere Cláudia Barrela. “Temos medicamentos para tratar as patologias mais frequentes. Não há condições para fazer cirurgia. Os canis são locais de alojamento e quando um animal está em sofrimento a única coisa digna é a eutanásia”, resigna-se.

A solução alternativa será entregá-lo a uma instituição que assuma os custos com os tratamentos especializados. “O Estado não tem capacidade para pagar todas essas intervenções necessárias aos animais dos canis”, admite a veterin&aa

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