Desporto
Andam todos a dormir, Evelise
A campeã nacional de salto em comprimento é das poucas atletas talentosas do País que não pertence aos quadros de um dos rivais da segunda circular. Fomos tentar perceber porquê.
Sporting, Sporting, Benfica, Benfica, Sporting, Benfica, Sporting, Juventude Vidigalense. Este fim-de-semana, nos Campeonatos de Portugal de pista coberta, ficou mais uma vez patente a bicefalia do atletismo sénior português.
Dos 28 títulos individuais distribuídos em Pombal, nada menos do que 24 foram atribuídos a atletas dos dois emblemas vizinhos da segunda circular.
Entre as quatro excepções está uma marchadora olímpica do Algarve, uma meio-fundista de Seia, um especialista em provas combinadas de Vagos e uma menina de Leiria que parece ter asas nos pés. Senhoras e senhores, conheçam Evelise Veiga.
Apesar de não ter mais do que 20 anos, a atleta da Juventude Vidigalense conquistou no passado sábado o título nacional do salto em comprimento.
A marca – 6,11 metros – não constitui recorde pessoal, pois este ano já voou mais dez centímetros – resultado que lhe valeu a marca de qualificação internacional para o Europeu de sub-23 – mas provou consistência acima da linha dos seis metros.
Já com uma medalha de ouro ao pescoço, no domingo participou no triplo salto e foi terceira, atrás das olímpicas Patrícia Mamona e Susana Costa.
Além da rodela de bronze, levou para casa um outro e mais saboroso prémio: os 12,93 metros que conseguiu no hop, step, jump garantem-lhe a presença numa segunda prova no Europeu de sub-23, competição marcada para a impronunciável cidade polaca de Bydgoszcz, de 13 a 16 de Julho.
Neste País em que Sporting e Benfica açambarcam o talento existente, o que se passa com Evelise Veiga? Será transparente? Estarão todos a dormir? Se calhar estão.
“Embora no ano passado tenha havido uma abordagem à atleta, nunca foi feita de forma efectiva”, explica Cátia Ferreira, a treinadora. E porquê? “Sabem que é uma atleta valorizada, muito importante para o clube e para o município. Por isso, não a podiam vir aqui buscar a qualquer preço.”
A atleta continua “feliz” na Juventude Vidigalense. Diariamente, no Estádio Municipal de Leiria, prepara-se para chegar cada vez mais longe.
“A nível competitivo e psicológico é muito forte, mas claro que também tem talento. Ano após ano tem vindo a ganhar consistência na questão do trabalho, do esforço e da dedicação. Tem percebido que é parte fundamental do sucesso. O ponto mais fraco? É a falta de competitividade no treino, mas também em Portugal.”
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