Sociedade
Amigos do Arunca criam “berçário” para árvores autóctones
Espaço terá uma vertente pedagógica
O grupo ambientalista de Pombal, Os Amigos do Arunca, vai criar um “berçário” para floresta autóctone, num terreno cedido por dois mecenas locais.
Com este espaço, com cerca de 2600 metros quadrados, dedicado à germinação e criação de árvores naturais de Portugal o colectivo pretende apoiar o esforço de reflorestação de zonas ripícolas degradadas, melhorando a biodiversidade do rio Arunca e dos seus afluentes.
Mas também há uma vertente de educação ambiental.
“Embora haja, por lei, uma faixa de protecção das margens dos rios, aquilo que verificamos é que os cursos de água, em geral, estão limitados a uma fiada de árvores, nas galerias ripícolas”, explica Emanuel Rocha, do grupo ambientalista.
“O contrato de comodato do espaço foi assinado, no dia 17 de Novembro, com o senhor Manuel Lopes e com a D. Emília, que, gentilmente, cederam o terreno”, conta.
O responsável exemplifica que os alunos de estabelecimentos de ensino podem deslocar-se ali e receber sementes e bolotas que apadrinhariam e cuidariam.
“Imaginem, daqui a 20 anos, eles podem voltar e ver ali ou noutro espaço, as árvores protegidas, que plantaram e a quem deram nome.”
A medida, que será desenvolvida em 2022, permite criar um elo afectivo e, em simultâneo, aumentar a responsabilidade social, não apenas com essas árvores em específico, mas até criar uma consciência e protecção ambiental de longo prazo nos jovens.
O berçário permitirá criar, desde semente, várias espécies nacionais, como a família dos quercus - carvalhos, castanheiros, azinheiras, sobreiros ou azevinhos - ou freixos.
Será uma reserva de folhosas que, após implantadas nos terrenos servirão para “plantar a água”, uma vez que estas espécies, ao contrário das utilizadas na maioria das plantações para uso comercial e produção de pasta de papel, captam e armazenam a água no solo, ao mesmo tempo que, criam um substracto nutritivo para as restantes espécies vegetais do ecossistema.
Emanuel faz notar que, de modo geral, as áreas do domínio público, nas galerias ripícolas, foram utilizadas pelos particulares, sem respeito pelas disposições legais.
“Estamos a ‘esqueletizar’ os terrenos e os solos, com monoculturas de pinheiros e eucalipto, quando poderíamos estar a retirar rendimento da floresta de carvalho que seria superior ao dessas espécies”, afirma, embora reconheça que o investimento demora mais tempo e uma séria organização territorial.
Mas, mais vale começar já, do que numa data perdida num futuro incerto.
“Temos de pensar a floresta urgentemente, neste momento, os sobreiros já estão a ser plantados nas zonas mais a norte, porque o Alentejo já está demasiado seco!”
O responsável diz que é absurdo estar a importar milhões de euros de carvalho-alvarinho, também conhecido como carvalho-francês, e desbaratar uma enorme riqueza, quando esta família de árvores, natural de Portugal, se fosse cuidada e organizada, como se faz em França, poderia ser uma grande fonte de rendimento para os silvicultores nacionais.