Desporto

AFL investiga manipulação de resultados entre Marinhense e Batalha

29 mai 2025 16:00

Os clubes defrontaram-se na última jornada dos campeonatos de sub-17 e sub-19 e os resultados levaram à suspeita do Atouguiense

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Jogos que decidiram as classificações decorreram no último fim-de-semana
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Inês Gonçalves Mendes

Está em processo de averiguação um alegado caso de match-fixing entre as equipas de sub-17 e sub-19 do AC Marinhense e da UD Batalha, que se defrontaram na última jornada dos referidos escalões e cujos resultados levaram à suspeita do Atouguiense, que apresentou uma queixa.

Nos juniores, estava em risco a manutenção da UD Batalha, que precisava de vencer o Marinhense para continuar no principal escalão distrital, uma vez que o emblema alvinegro já tinha garantido o futuro na Divisão de Honra. Neste caso, os batalhenses cumpriram o objectivo, com uma vitória por 1-2, e escaparam à despromoção.

Deu mais que falar o jogo dos juvenis, entre os mesmos clubes. Marinhense e Atouguiense almejavam a subida à 2.ª Divisão Nacional, mas o primeiro era obrigado a golear a Batalha para garantir o 1.º lugar, único que dava acesso à promoção. Ao intervalo, o marcador já ia nos 0-10 e fixou-se em 1-14, um resultado que delegou o grupo de Peniche para segundo lugar.

Estes resultados levaram o Atouguiense a apresentar uma queixa junto da Associação de Futebol de Leiria. Em comunicado, o clube referiu que o resultado “levanta sérias preocupações quanto à observância da ética desportiva”.

O Marinhense já reagiu publicamente, refutando as acusações. “Repudiamos, igualmente, com total firmeza, a tentativa de alguns agentes desportivos em criar um caso que pura e simplesmente não existe. O que está em curso é uma tentativa de linchamento público, baseada numa narrativa sem qualquer fundamento, com o único propósito de desvalorizar a conquista legítima da nossa equipa de sub-17 – sem a coragem de olhar para dentro e assumir as suas próprias responsabilidades.”

A União Desportiva da Batalha também reagiu à polémica e explicou as decisões que, terão levado à penosa goleada. “Por razões de gestão desportiva e com o objectivo de garantir a permanência da nossa equipa de juniores no seu escalão competitivo, os atletas disponíveis do escalão de juvenis A foram temporariamente integrados, de forma estratégica, na equipa de juniores na última jornada da época”, adianta a direcção.

Consequentemente, a equipa de juvenis foi a jogo “com uma composição diferente do habitual”. “Tal decisão foi tomada com base em critérios técnicos e estratégicos, sem qualquer outra intenção que não seja o desenvolvimento desportivo”, justificam, ao lamentar a “expressividade” do resultado em causa.

Esta suspeita levou a centenas de comentários em diversas publicações nas redes sociais, com críticas aos clubes visados. Face a isto, a UD Batalha lembra que os jovens atletas estão a ser expostos a “comentários injustos e infundados, que afectam a sua confiança e motivação”.

O conselho de disciplina da AFL reuniu a 21 de Maio e decidiu abrir um processo de averiguação para apurar a veracidade das acusações. “Ficámos surpreendidíssimos com esta situação”, afirmou Manuel Nunes, antes de ser tornada pública a sua renúncia à presidência da AFL.

O agora antigo dirigente lembrou que um simples jogo de futebol “é um acto público” onde, havendo infracções, “são crimes” que podem chegar ao Ministério Público.

Serão interrogados dirigentes, equipas técnicas e membros dos clubes alegadamente envolvidos no esquema.