Sociedade

Afinal, é a “Arte dos muros de pedra” que candidata à UNESCO e não os muros de pedra

14 mai 2023 11:30

Embora o início da candidatura tenha sido anunciado em Junho de 2020, ainda decorrem os primeiros estudos antes de se avançar com o processo

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Equipa de investigadores está a reunir a fundamentação para incluir muros no inventário nacional de património
Fotografia: Jacinto Silva Duro

Embora tenha sido anunciada quando Porto de Mós apresentou, em Junho de 2020, os seus muros de pedra seca às 7 Maravilhas da Cultura Popular de Portugal, a candidatura destas estruturas a Património Imaterial da Humanidade ainda não arrancou e, afinal, o alvo da proposta à UNESCO é a sua "técnica de construção" e não os muros.

O processo começou por ser liderado pela autarquia de Penela, cujo autarca, à época, ocupava a presidência rotativa da Terras de Sicó, associação de desenvolvimento local que chamou a si o desafio.

“Estas candidaturas demoram algum tempo porque têm de ser amadurecidas e têm de ter um trabalho prévio de fundamentação muitíssimo forte”, refere o actual presidente rotativo, Pedro Pimpão, que é, igualmente, presidente da Câmara Municipal de Pombal.

Numa reunião da Terras de Sicó, em Outubro de 2022, explica o autarca, foi definida a equipa técnica para o trabalho de preparação da candidatura não dos muros de pedra, mas da “arte dos muros de pedra seca”.

“Ela é coordenada por Nuno Ribeiro Lopes, arquitecto que já esteve associado a outras candidaturas também neste âmbito. É um colectivo que conta com vários investigadores, entre eles, a antropóloga Ana Saraiva, que está a preparar o processo de inventariação da candidatura”, esclarece Pimpão.

O próximo passo será contactar a Direcção-Geral do Património Cultural e introduzir no inventário nacional esta arte de construção, para, depois se proceder ao início do processo.

“É um passo prévio e essencial. Ana Saraiva e Nuno Ribeiro Lopes reuniram com todos os presidentes de junta de freguesia do Território das Terras de Sicó, aqui em Pombal, para os envolver nas várias áreas da candidatura”, refere.

Agora, o grupo de trabalho está a deslocar-se às freguesias, já com as conclusões retiradas desse encontro, para, em conjunto com as comunidades locais, perceberem quem são as pessoas que ainda dominam a arte de construção dos muros de pedra seca.

Isto permitirá criar uma fundamentação antropológica que justifique a sua inclusão no inventário nacional.

Só depois se poderá avançar para os trabalhos preparatórios de uma candidatura.