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A Porta está prestes a abrir-se. Vai ficar de fora?
Festival A Porta
O Festival A Porta acontece, em Leiria, de 1 a 5 de Junho, e junta 14 oficinas para crianças a 18 bandas, propõe encher 1100 metros quadrados de paredes com obras de mais de 30 artistas plásticos, organiza uma Feira Bandida e jantares temáticos, entre muitas outras actividades, no centro histórico de Leiria.
Conhece o senhor Pereira, a dona Felismina, o senhor António da oficina, o senhor Ferreira, o Fernando, das Motas& Trino, a dona Preciosa, a Paula e a Olívia? Não?
Nós apresentamos os visados: são alguns dos nomes dos resistentes que, teimosamente, se mantêm de portas abertas ou a habitar na rua direita (rua Barão de Viamonte) e centro histórico de Leiria.
De certo modo, foram eles o motivo de inspiração, para a realização do Festival A Porta, organizado pelo colectivo Meia-Dúzia e Meia de Gatos Pingados, que, entre 1 e 5 de Junho, junta 14 oficinas para crianças a 18 bandas, propõe encher 1100 metros quadrados das paredes da “casa plástica”, com obras de vídeo, performance, ilustração, pintura, mural entre outros, de mais de 30 artistas plásticos, organiza uma Feira Bandidae jantares temáticos, entre muitas outras actividades.
Este evento tem como objectivos fomentar a união entre quem vive no centro histórico de Leiria e ainda levar nova vida para as zonas que foram já o coração da cidade, contrariando o que aconteceu noutros centros urbanos que perderam população, comércio, serviços e importância e até o espírito de comunidade.
Quanto ao senhor Pereira, à dona Felismina, ao senhor António e aos restantes habitantes vai poder conhecê-los quando A Porta abrir… portas. A ideia original para a criação de uma festival multidisciplinar foi do artista Gui Garrido há cerca de dois anos, quando voltou à cidade onde nasceu e cresceu, e viu o estado de degradação do centro histórico.
Uma Praça Rodrigues Lobo que, todos os vida respira, buliciosa de vida, e contrasta com as ruas laterais atulhadas de casas, vazias de gente, de conversas e de comércio. Os serviços foram retirados, as lojas mais importantes fecharam portas e as fachadas degradaramse, mostrando feias rugas e cobrindo-se de pó.
Era preciso fazer alguma coisa que servisse de faísca para atear um fogo que aquecesse aqueles lares abandonados e edifício de janelas cegas e paredes desdentadas de portas. E foi uma Porta a ideia que se formou na cabeça de Gui.
Falou com várias pessoas, juntou um grupo de voluntários e, juntos, chamaram a si a missão de encher de vida a rua que já foi a mais importante da cidade e fazê-la readquirir, nem que fosse por algumas horas apenas, a sua antiga glória. Em Junho, acontece a segunda Porta.
Festival multidisciplinar
O festival começa na quarta-feira, dia 1, com jantares temáticos para desconhecidos, em casa de desconhecidos e concertos privados a encerrar a noite, terminando no domingo, com um mega-piquenique, com direito a assadores para as famílias, yoga, um bicipaper, canoagem nas margens do parque do avião (Parque tenente-coronel Jaime Filipe da Fonseca), e até um pequeno circo da Companhia Bipolar, entre muitas outras actividades, pensadas para promover o usufruto de um dos poucos parques de Leiria na companhia da família.
Aliás, pegar no telefone ou ir à página de Facebook do festival e marcar um jantar uzbequistanês, italiano, brasileiro ou bielorrusso, na casa de um estranho, abrindo uma "porta" para outras culturas, é um dos aspectos mais inusitados dos primeiros dias do festival.
Numa linha que parte da rua direita, passa pela Praça Rodrigues Lobo e Jardim Luís de Camões e termina no parque do avião, A Porta oferece um grande conjunto de ofertas multidisciplinares. Por exemplo, haverá, alunos chineses do curso de Chinês-Português do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), a ensinar a usar pauzinhos para comer, a animar uma cerimónia do chá, a demonstrar tai-chi e a confeccionar gastronomia chinesa que jamais encontrará num restaurante. Uma verdadeira... Portapara a China.
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