Viver

A Porta convida-nos a reabrir os lugares onde fomos felizes

12 jun 2022 15:00

De regresso à Rua Direita, o festival junta música, artes plásticas, actividades para crianças, oficinas e comércio sustentável. E revisita o orfeão velho e a antiga pousada da juventude

a-porta-convida-nos-a-reabrir-os-lugares-onde-fomos-felizes
Esfregona e Palhas, analogia para a renovação que o festival quer promover no centro histórico de Leiria
A Porta

Como se fosse a primeira vez, A Porta volta a instalar- se no centro histórico de Leiria, entre 12 e 19 de Junho.

No regresso ao território onde já foi feliz, a Rua Direita, retoma o formato original e coloca em primeiro plano algumas figuras da zona mais antiga da cidade: a Estrela da Tasca 7, o senhor Ferreira da mercearia, a dona Ana da chapelaria Fonseca, o Abel do Porto Artur, o colectivo do Atlas, o Massimo da geladaria Fior di Latte e o Manel dos Filipes, escolhidos para cabeças de cartaz na comunicação do evento.

Surgem, nas redes sociais, em vídeos com outras duas estrelas, o Palhas e o Esfregona, símbolos para o que é, desde o instante zero, o impulso que determina o festival: reocupar, reanimar, reviver.

O momento inicial ocorre já este domingo, pelas 17:30 horas, com a inauguração da exposição colectiva Casa Plástica na antiga pousada da juventude, onde, às 21:30 horas, há concerto do pianista e compositor Daniel Bernardes e, das 22 horas em diante, actuam Salvador Sobral e André Santos.

Depois de um interregno em 2020 e de uma edição maioritariamente realizada na Villa Portela em 2021, o sétimo festival A Porta, apoiado pelo JORNAL DE LEIRIA, acontece na Rua Direita e zonas adjacentes, no Parque do Avião, no Jardim Luís de Camões e na discoteca Stereogun.

A reabertura temporária da antiga pousada da juventude, um edifício fechado há 10 anos, promete revelar o ambiente mágico de um jardim interior recuperado pela organização com o apoio da InPulsar, em três semanas a remover lixo e a melhorar o contexto. Não é o único imóvel para revisitar. Encerrado em 2010, o chamado orfeão velho, na Rua Latino Coelho, perto da Sé, abre a 18 de Junho, um sábado, para acolher música ao vivo e o Bazar Circular dedicado ao comércio sustentável.

Em 2022, A Porta convida a descobrir mais de 40 acções para todas as idades (oficinas, teatro, contos, pintura, dança, desenho, escultura) e mais de 30 concertos, além de vários mercados e ainda jantares abertos a desconhecidos em casas particulares de famílias.

A maioria das actividades concentra-se no fim-de-semana de 18 e 19 de Junho. Sábado com a Rua Direita como epicentro, domingo no Parque do Avião. Algumas são pagas e outras implicam inscrição, através do site 2022.festivalaporta.pt.

De volta ao conceito que lhe deu nome, “em constante diálogo com espaços, pessoas e projectos que habitam a zona central da cidade”, conforme se lê logo no arranque da primeira nota de divulgação, o festival invade as ruas do centro histórico de Leiria, ocupa lojas vazias, mistura-se com o Atlas, o Habitat, o Antro, a LuziClara, o Yellow, o Café Central, a sala do Te-Ato, a Chapelaria Liz, a Chapelaria Fonseca, a Mercearia Ferreira, a Taberna da Praça e o Chico Lobo e estica-se num abraço que inclui o Centro Cívico, a Igreja da Misericórdia, a Biblioteca Municipal e o Terreiro.

Desde 2014, sucessivamente, A Porta tem despertado a atenção da comunidade para o potencial de edifícios como aquele onde funciona agora o bar e restaurante Atlas, o imóvel actualmente em fase de reabilitação na Rua Direita junto à LuziClara, a Casa do Arco num dos cantos da Praça Rodrigues Lobo, as antigas instalações da EDP na Ponte Hintze Ribeiro e, em 2021, a Villa Portela. Estes e outros, sempre com o intuito de “dar-lhes uma nova vida, uma nova perspectiva”, lembra Miguel Ferraz, da organização, no texto publicado há uma semana pelo JORNAL DE LEIRIA.

Entre 12 e 19 de Junho, renova-se o desafio que o festival convoca: um “apelo ao pensamento e à participacao cívica, que sirvam de mote para uma reflexão maior em torno do papel de cada um no desenvolvimento cultural e social da cidade”.

Salvador Sobral, Club Makumba, Titica e Sean Riley entre mais de 30 concertos

Os primeiros concertos do festival A Porta em 2022 acontecem já hoje, 12 de Junho, ambos no jardim interior da antiga pousada da juventude de Leiria, no Terreiro. Os bilhetes custam 15 euros.

O pianista e compositor Daniel Bernardes abre o palco às 21:30 horas, antes da actuação de Salvador Sobral e André Santos, agendada para as 22 horas.

Na quarta-feira, 15 de Junho, também na antiga pousada da juventude, há espectáculos de Pedro Branco e de Jero com Rui Gaspar, e, na Stereogun, apresentam-se Lil Mami Barbz e Jaime Miguel, de Leiria, com a sessão Partimento (Progressivu x DJ Adamm) a fechar a noite.

Entre 12 e 19 de Junho, o festival A Porta organiza mais de 30 concertos, maioritariamente gratuitos, que trazem a Leiria bandas e artistas como Club Makumba, Sereias, Ryder The Eagle ou Blu Samu.

São vários os nomes com ligações à cidade: Sean Riley & The Slowriders, Moon Cowboy (Ricardo Fiel, fundador dos Phase), All Them Lucky, Natércia Lameiro e as estreias ao vivo de Sfistikated (projecto de João Marques dos First Breath After Coma e Roberto Oliveira dos Whales) e do espectáculo desenhado por Luís Jerónimo e Rui Gaspar para o disco 10, da Omnichord.

No cartaz de música encontram-se também Fugly, Lince, Bia Maria, Catarina Branco, Melquiades, Odete, Muco, Meta_, Silvino Branca, Musas do Absurdo, Éme e Moxila, Sreya, Manel Ferreira, Travo e Benjamim Piat.

Num regresso às festas e ao clubbing, o festival A Porta prevê em 2022 sets da dupla Trigo & Moço e do colectivo Surto e uma noite da responsabilidade do trio Musiqu3.

Portinha
Carimbos humanos e mãos na terra
 
Na sessão conduzida pela dupla Margot e Joana há tintas produzidas a partir de comida. Tintas comestíveis para pintar o corpo e criar carimbos humanos que transformam orelhas em borboletas, mãos em elefantes ou rabos em lagartas. É uma das 16 acções da Portinha, o programa infanto-juvenil do festival A Porta, que se manifesta no fim-de-semana de 18 e 19 de Junho – sábado na Rua Direita, domingo no Parque do Avião. No ateliê Corassom, dirigido por Vera Marques, explora-se a luz. O potencial da luz e o encantamento que provoca, através da manipulação de diferentes materiais e instalações. Já os Magníficos Retratos do Tenório são uma cabina de retratos instantâneos tipo passe para desenhar pessoas. Ou ser desenhado. A proposta dos utentes da instituição de solidariedade social Os Malmequeres é um ateliê de brinquedos em madeira. E o formador Paulo Simões dinamiza a oficina Animando, com técnicas de stop motion para realizar sequências animadas e construir um brinquedo óptico. Mas há mais: pintura, dança criativa, oficinas de expressão artística e de activismo pelos direitos humanos, contos, pintura, cerâmica e mãos na terra, teatro para todas as idades com o Te-Ato e a peça O Fio da Linha do Horizonte, actividades do Brincar de Rua por Francisco Lontro e uma “aula” com o Barbeiro de Leiria sobre como enfeitar e desembaraçar os cabelos dos mais pequenos no dia-a-dia. As inscrições, quando necessárias, são efectuadas online, através do site do festival A Porta.

Casa Plástica
Cinco artistas ocupam a antiga pousada da juventude
 
Inaugura a 12 de Junho e prolonga-se além das datas do festival A Porta, até ao final do mês. A exposição colectiva Casa Plástica, com curadoria de Leonardo Rito, reúne obras de cinco autores que vão estar distribuídas pelos quartos e corredores do edifício fechado há 10 anos, em ambientes independentes para cada artista. Os trabalhos de pintura e instalação de Sílvia Patrício, Nuno Gaivoto, Neuza Matias, Gonçalo Pena e Tiago Baptista ocupam o imóvel do século XIX num momento de contraste e relação entre duas épocas. Além da exposição Casa Plástica, de 23 a 25 de Junho o jardim interior vai receber sessões de cinema.

1001 Portas
Magia cómica, caiaques no rio e arte para todos
 
Jorge Cardinali apresenta um espectáculo de pratos giratórios e outro de magia cómica, há passeios de caiaque no rio Lis e jogos de ultimate frisbee , está previsto um percurso a pé na zona Polis com Mário Oliveira e também em agenda encontram-se provas de vinhos, cocktails , comida de rua e o campeonato Famílias Sem Fronteiras da Mystery Box, momento inspirado nos Jogos Sem Fronteiras que ocorre logo no dia 16. Ainda durante A Porta, Abílio Febra deita mãos a uma escultura de grandes dimensões por onde o público pode passar e interagir, grafitar e pintar, Ana Prates dinamiza uma oficina de técnicas artesanais de tapeçaria, tecelagem e entrançados de trapilho, António Palmeira dirige um workshop de cianotipia e Sílvia Bernardino ensina a arte origami. E há muito mais: 27 iniciativas, ao todo. Nos dias 16, 17 e 18 de Junho, o programa de ocupação do espaço público 1001 Portas leva o festival à Rua Direita e zonas adjacentes. No domingo, 19 de Junho, muda-se para o Parque do Avião. Um Mercado Maroto dedicado à arte erótica, a performance O Chá das 7 pela drag queen Cherry Flavor e uma exposição que faz o balanço da primeira Marcha pelos Direitos LGBTQIA+ de Leiria (realizada em 2021) são outras propostas do 1001 Portas. Este ano, o Colectivo Til e os alunos do Agrupamento de Escolas de Marrazes vão criar uma instalação pública com o título Uma Casa com Todos, há pintura por Stencil Fartz e teatro de interacção com os Patalaguins do Te-Ato. Construir uma casinha para gatos com a designer Mariana Costa e Silva ou aprender treinos básicos com os patudos da Desprotegidos são outras sugestões do 1001 Portas, que inclui uma conversa sobre alimentos e fermentação, um workshop de feng shui vivencial e astrologia do ki e a sessão Como Deixar de ser um Plantassassino, sobre os cinco pilares para manter plantas felizes e saudáveis.
 
Comércio
Feira Bandida, Bazar Circular e Mercado Maroto
 
Estão confirmados quase uma centena de expositores na Feira Bandida, o território do festival A Porta onde cabe toda a criatividade, do artesanato urbano à roupa em segunda mão. Acontece sábado, 18 de Junho, depois das 11 horas, nas transversais da Rua Direita, e domingo, 19 de Junho, também depois das 11 horas, mas junto ao Parque do Avião. Já o comércio de produtos sustentáveis está reunido no Bazar Circular, dia 18 de Junho, no orfeão velho, das 11 horas em diante. Ainda sábado, no bar Antro, o artista Ffrioo assume a curadoria da Ffeiraa, uma mostra de pintura e ilustração, posters, zines e outros trabalhos de autor. Incluído no programa 1001 Portas, o Mercado Maroto, dedicado à arte erótica, realiza-se na Rua D. António da Costa.