Sociedade
A polícia deteve-os em 1973. Os amigos juntaram-nos 48 anos depois
Leonor e Cunha, o reencontro emotivo dos dois presos políticos
Leonor Baridó, que era estudante, e Cunha, que era operário e bombeiro, foram detidos na Marinha Grande, a 28 de Outubro de 1973.
Ela fazia parte da multidão que protestava contra a “farsa” das eleições desse ano. Ele estava simplesmente a engraxar os sapatos no centro da cidade, quando alguém o ouviu a proferir um comentário politicamente incorrecto, excessivamente incorrecto para tempos que ainda não conheciam a Revolução de Abril de 74. Haveriam de ser ambos presos.
Com eles, fora um terceiro elemento detido, já falecido, Joaquim Carreira.
Na passada sexta-feira, um grupo de amigos, membros da associação Anti-fascista 18 de Janeiro, da Marinha Grande, juntou-os num reencontro emotivo. Leonor regressou recentemente à cidade, mas ainda não tinha revisto Cunha.
Foi tempo de reviver histórias e de pensar no presente e no futuro, relata Artur Marques, um dos membros desta associação, que organizou o jantar.
“Na Leonor reconhece-se a mesma mulher politicamente activa, que na juventude trazia de Lisboa propaganda para distribuirmos por cá”, relata Artur Marques.
Com o mesmo princípio de formar e sensibilizar os mais jovens e de reflectir sobre o passado e sobre os perigos que fragilizam a democracia de hoje, a associação está a projectar novos eventos, a propósito de 18 de Janeiro de 1934, adianta Artur Marques. As iniciativas integram debates e também visitas a escolas do 2.º ciclo, revela ainda.