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A música que D. Dinis compôs é tocada ao vivo este sábado no Castelo de Leiria

22 jun 2024 12:43

O quarto episódio do Ciclo de Música Medieval de Leiria acontece hoje com workshop e concerto dedicado à música e poesia do rei trovador, D. Dinis

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TWB Ensemble e convidados
DR

O workshop começa às 15 horas no palácio do Castelo de Leiria, com o mote “Rei Trovador & o Rei da Luz”. Uma hora mais tarde, na Igreja da Pena, tem início o concerto “Poeta, Poesia e Musa Divina”.

O destaque de ambas as iniciativas que este sábado, 22 de Junho, constituem o quarto episódio do Ciclo de Música Medieval de Leiria, é a obra de poesia e música atribuída a D. Dinis.

No workshop, dirigido ao público em geral, a vida do rei trovador e a sua música serão exploradas tendo em conta a história e as lendas e, ainda, a sobrevivência de mitos pré-cristãos relacionados com o sol, a deusa e o rei da luz.

No concerto, serão interpretadas canções do famoso Pergaminho Sharrer e surgirá em primeiro plano a poesia pastoral de D. Dinis, bem como a figura de Santa Maria.

O programa está a cargo do TWB Ensemble – Esin Yardimli Alves Pereira e Ricardo Alves Pereira, que toca um instrumento da época, o alaúde – com os convidados Jorge Luís Castro (voz) e António Casal (percussão).

As mais remotas cantigas profanas de origem portuguesa são atribuídas a D. Dinis, recorda o musicólogo Manuel Pedro Ferreira. São cantigas dos séculos XIII e XIV em que o monarca “compôs tanto a letra como a música”, explica o investigador. “Muito ornamentadas”, todas têm “muita qualidade”. Mostram que o trovador e sexto rei de Portugal (1261-1325) “é um grande poeta”.

A propósito do lançamento do primeiro Ciclo de Música Medieval de Leiria, iniciativa do TWB Ensemble, Manuel Pedro Ferreira explicou em Janeiro deste ano ao JORNAL DE LEIRIA que as cantigas de D. Dinis “são a única janela para a composição de cantigas de amor”.

Manuel Pedro Ferreira é autor do livro Cantus Coronatus, um estudo sobre o fragmento de pergaminho identificado na Torre do Tombo, em 1990, pelo norte-americano Harvey L. Sharrer, o Pergaminho Sharrer, com texto e notações musicais de sete cantigas de D. Dinis. “É o documento mais antigo” em Portugal relacionado com a música profana. “Dá-nos uma visão bastante diferente daquela que se imaginava antes da descoberta”, com melodias “muito mais sofisticadas” do que os investigadores esperavam.

D. Dinis, com forte ligação a Leiria cimentada pelos períodos vividos na região, “cantava” e segundo Manuel Pedro Ferreira “compunha e explicava [o conteúdo instrumental] ao jogral”. O repertório era geralmente tocado de ouvido e conservado através da experiência e da oralidade. “Os nobres não era suposto saberem tocar e também não era suposto saberem escrever música”. Tinham ao serviço “músicos profissionais”.